Sunday, March 13, 2005

ela é bamba (editado)

Ana Carolina veio tocar na city. Gosto dela. O primeiro disco é legal, o segundo ficou melhor, o terceiro parece ser mais maduro ainda apesar de não ter ouvido tanto quanto ouvi os outros dois, mas tem uma música do Vitor Ramil e na época do lançamento do Estampado eu estava curtindo muito um dos parceiros dele, o Nei Lisboa, e na minha opinião o disco ganhou mais um ponto por isso.
Sabia que ela tinha uma boa banda, o clube é aqui pertinho de casa (onde vi o primeiro show da minha vida), então fui.
A banda era boa mesmo, o som estava ótimo e os cinco melhores momentos da noite, tentando colocar numa ordem cronológica e não de preferência são:
1.tomar umas cervejas com meus bons amigos e rever uma colega que não via há 15 anos;
2.o batera Cesinha e o percussionista tocando seus cajons;
3.Ana Carolina declamando Quase de Luis Fernando Veríssimo;
4.ela e quatro dos músicos tocando pandeiro, muito foda;
5.ver o sorriso do Marcelo Sussekind no final do show, missão cumprida.

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.

É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.

Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.

A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.

Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.

O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.

Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.

De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.

Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.

Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.


Navegando aqui, procurando outros textos do Veríssimo, caí em algumas discussões onde diziam que o Quase não é dele. Sabendo que acontece com certa frequência estes textos que passam por milhões de e-mails, fico na dúvida.
Será que este povo que discute na internet realmente sabe se o texto é dele ou não?
Teria a Ana Carolina conversado com o Veríssimo sobre o texto antes de lê-lo em seus shows? Estaria ela enganada, lendo o texto e dando o crédito à ele sem saber se realmente é dele?
I don't know...
De qualquer maneira, fica o texto, que foi tão bem interpretado no show, que fiz questão de postá-lo aqui. E agora, independente da autoria.

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