Tuesday, November 28, 2006

algo assim pra eternidade

Os sábados são mesmo dias especiais.
Ao sair da Oficina de Documentário, peguei o carro e recebi uma ligação de Círia. Luís Capucho estava em Santa Rita do Passa Quatro e, juntamente com Pedro Paz, nos convidou para uma festa lá, era aniversário de Pedro.

Esperamos a chuva passar e pegamos a estrada. Hermeto, Círia e eu. Foi uma hora de viagem e confissões. Memorável. Estranho ter um conforto para falar um monte com alguém que a gente conhece há pouquíssimo tempo. Isso prova que tempo não é o mais importante para uma amizade.

Acredito que já estou me adaptando com esta sensação de conhecer amigos virtuais. E acho que estou acertando nas imagens que ando traçando das pessoas. Conversei com Luís sobre conhecer as pessoas através de blogs, sem exatamente conhecê-las pessoalmente e ele dizia ver isso como a arte, como uma ficção, mas que era interessante ter estes retornos mais imediatos que conseguimos com este tempo real da internet. Ou algo assim, afinal nós divagamos sobre este tópico por um tempo e não sei se captei tudo o que discutimos.

A festa estava boa, a família de Pedro Paz tem uma forte energia e parecem todos artistas cantando, interpretando e dançando. Em tempo, Pedro é figurinista e trabalhou no SBT desde Éramos Seis.

Curtimos a festa, mas Círia tinha vôo marcado de volta para Belém. Nos despedimos na estrada onde ela partiu de ônibus. Deixou saudade.

Santa City (como chamam) é bonita e bem pacata, tão pacata que no domingo me lembrei de Blecaute, de Marcelo Rubens Paiva, pelo silêncio que se ouvia nas ruas da cidade. Por outro lado, dentro das casas as festas não paravam.
Além de Pedro como cicerone, Malú também foi outra pessoa querida que nos recebeu super bem. E foi para casa dela que fomos no domingo para comemorar o aniversário de sua mãe, Dona Ruth.
Me senti um invasor na casa que parecia ser desenhada por Gaudí, mas novamente encontrei ótimos anfitriões que me deixaram muito à vontade. Luís pediu café, eu tomei cerveja.

Luís me fez companhia e conversamos sobre mulheres bonitas, cartas na rua de Charles Bukowski, ilustrações de César Lobo para o seu livro e para o disco da Mathilda Kóvak, Jornalismo, Letras, Papucaia, fontes de inspiração, vi o Cinema Orly, entendi muito melhor o que é este grande figura, e claro, falamos também sobre música.

Minhas queridas amigas Li Dias e Simone Carvalho chegaram, Luís pegou meu violão e aí o som rolou. Um show particular para os amigos presentes. Uma delícia!

Os finais de semana é que me dão energia para tocar a rotina massacrante dos dias da semana. E que venha o próximo sábado.

Para encerrar, faço minha as palavras de Mathilda Kóvak:

Para Deus, o Nada não existe, Luís.
Você respira. Você é profano. Você é sagrado. Você é tudo. Você é massa.
Você é Missal quotidiano no extraordinário.
Longa vida ao poeta.


Prazer em conhecê-lo, Luís.
E agora vamos botar os planos em prática!

Friday, November 24, 2006

food for thought

Depois de várias semanas sem frequentar o cinema daqui acho que vou finalmente pegar um filme na sala escura. Em Limeira chegou O Diabo Veste Prada, que disseram ser divertido. Em Piracicaba está em cartaz Os Infiltrados, de Scorsese. Um dos dois eu quero ver neste final de semana.
Não ia no cinema porque estava encontrando filmes bem melhores nas locadoras e também vi alguns no cine sesc que lavam a alma. Porém faz tempo que não cochilo um pouco naquelas cadeiras confortáveis vendo um filminho americano.
É, eu já dormi no cinema algumas vezes e digo que é bem bom. O que? Você nunca dormiu no escuro do cinema? Por que você não experimenta? Vai lá, sem culpa, é bom.


***


Hoje preciso fazer meu dever de casa da oficina de documentário: assistir Justiça, de Maria Augusta Ramos. Se todos deveres fossem assim, o mundo seria bem melhor. Tá exagerei agora.
O mundo seria melhor sem guerras, ou então que fossem guerrilheiros armados apenas com travesseiros como este flashmob de guerra de travesseiros que rolou por duas horas em Buenos Aires. Veja.


la vida es un sueño
A vida seria um sonho se todas as guerras fossem assim, fala aí.

***


E por falar em filmes que quero ver e em um mundo melhor que também sonhamos viver um dia, por que não produzir isso tudo!? Estão abertas as inscrições para o 1o Festival de Curtas-Metragens de Direitos Humanos. O festival Entre Todos é um evento aberto para realizadores profissionais, iniciantes e amadores. Os curtas deverão ter no máximo 15 minutos e poderão ser inscritos em diferentes blocos temáticos. Todas as informações estão aqui.
Eu acho que Bilu e João da Kátia Lund para Crianças Invisíveis deveria ter um espaço neste festival.
Fazia tempo que não visitava o Portal Curtas, você pode ver mais vídeos de Kátia Lund aqui

***


Falei que gostei dos sons apresentados no FestiAfro, mas não disse que os Cirandeiros ficaram em primeiro lugar entre as músicas limeirenses! Um viva!
Hoje eles se apresentam em Limeira e semana que vem estarão no Sesc Piracicaba.

***


Dúvida cruel: Ir ou não ir no City Jam Festival em Dezembro?
Já tem gente em Limeira querendo fechar uma van para o show. Ia ser legal ver Los Hermanos, Hurtmold, Clube do Balanço e curtir um som do Lúcio Ribeiro na festa. Sem contar que é uma festa organizada para celebrar os quatro anos da revista britânica Jungle Drums, do Juliano Zappia.

O Julinho deve estar ansioso para o show do Pato Fu em Londres que vai rolar neste findie.

Eu não sei. Preciso salvar uma grana para viajar em Janeiro.
Acho que vou jogar na Loto Fácil.

***


Além do Pato Fu em Londres, tem diversão na Tate Modern. No grande hall da galeria onde já vi um sol artificial, montaram uma estrutura bem louca que é um escorregador. Soube disso por um postal que recebi da Amanda.

tate modern
Quem disse que obra de arte não pode ser divertida?

***


Para a Europa também vai um abraço, pro vizinho de blog do Bia, o Flavio Prada, que está na terra do Limoncello. Bebidinha boa esta!

Update:
Caralho! Eu conheci o Flavio no início dos anos 80 aqui em Limeira!


***


Sem mais.

Bom final de semana para você.

Thursday, November 23, 2006

aí caí

eu tomo pinga














   Japa vadia

A garrafa de saquê

tá vazia.

[mário bortolotto]



Eu acho que a Jan ia gostar de assistir Kerouac em Curitiba.

Tuesday, November 21, 2006

porque era sábado

Eu queria dizer um milhão de coisas, mas o tempo me impede.
Contudo farei uma síntese do que gostaria de expor aqui neste espaço.

Sábado passei o dia todo na rua e foi um dia incrivelmente produtivo.

Saí de casa antes das oito e fui dar as aulas. Um aluno particular teve que sair antes, fiquei com uma hora de janela e dei um pulo na escola vizinha de onde trabalho para invadir a oficina de blogs realizada pelo Biajoni. Achei muito bacana ver a sala cheia e vários blogs criados naquele dia. Dei um abraço no Bia (o homem com livro resenhado pelo O Globo), passei os olhos no Wunder.Blogs, e claro, peguei umas dicas de uns códigos de html com o professor. :o)

Voltei para minhas aulas, saí às 15h31 e corri para uma outra oficina. Desta vez uma oficina de documentário coordenada por um jovem chamado Ricardo Dias Picchi. Fui à convite da minha querida ex-colega de jornalismo Lala Lopes. Entrei na sala escura e já estavam todos assistindo ao documentário de Eduardo Coutinho, o Edifício Master. Rolou um debate depois e na saída recebi o Justiça para assistir até a próxima aula. Acho que vou curtir esta parada, apesar de ter caído lá de pára-quedas. Nem sei se realmente posso entrar na oficina, mas como tem uns cinco brothers lá, cada semana posso ser o convidado de um, né não?

Choveu.

Corri para casa só para buscar meu irmão para irmos até o teatro. Ele não foi, fui sozinho ver o FestiAfro.
Gostei um monte das apresentações que rolaram no sábado, tinha perdido a primeira eliminatória que foi no dia anterior.
Ao sair do teatro, encontrei com uns amigos e fomos todos para o Tattoo Bar, que é popularmente conhecido como Bar do Tatu (e eu acho bem mais simpático chamarem assim). Uma parte dos Cirandeiros estava fazendo uma alegria por lá. Como não tinha mesa p'rá gente, fomos beber em outro lugar.
Conheci uns músicos que estavam no festival. Ouvi as histórias e piadas contadas por Marinho San e Diorgem Ramos, enquanto Paulo Monarco trocava umas idéias musicais com minha amiga Simone Carvalho. Conheci a compositora Círia Santos, de Belém, que também é fã do querido Luís Capucho. Conversávamos sobre a beleza das composições de Capucho e eu matava a saudade da querida e linda percussionista Li Dias.

A noite terminou quando acabamos com a gigante taça de caipirinha de cerveja.

***


O amigo Marcos, que estuda Imagem e Som em São Carlos, me perguntou na última festa Lado B o que eu ainda fazia aqui em Limeira se não estava mais estudando. Fiquei pensando nisso por dias. E acho que encontrei a resposta: são sábados como este é que me fazem ficar por aqui, ainda.

Monday, November 20, 2006

cinzeiro de motocicleta

Perdeu o endereço do meu blog?
Está desesperado para voltar para cá e não sabe como me encontrar?

Entre no deus google e digite "meto pizza nela".

Seus problemas acabaram!

Friday, November 17, 2006

a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida

Assisti Noites Brancas para ver a Maria Schell recomendada pelo Paulo.
Luchino Visconti, o diretor deste filme de 1957 inspirado na obra de Fiódor (com todo o respeito), retrata a vida dos sonhadores, pessoas que buscam a realização ao encontrar amores e que vivem a esperar.
Esperar? Como é?
Natalia (Maria Schell) espera pelo seu grande amor que partiu há um ano e disse que a encontraria em uma ponte próxima de sua casa. Mesmo após doze meses sem uma comunicação sequer, ela espera. Como acreditar neste encontro marcado por alguém que estava apenas de passagem por aquela cidade?
(Inevitável não ligar este tipo de encontro com o Antes do Amanhecer, de Richard Linklater. Entenda que este filme chegou antes para mim. É, chegou para mim mesmo. Os filmes que nos procuram e não o contrário, não é?)
Enquanto espera, Natalia conhece Mario (o figurão Marcelo Mastroianni), um solitário que logo se apaixona por ela. Natalia conta sua história para Mario, que espera que esta ilusão de Natalia acabe. Ela persiste e espera para não trair o seu grande amor.

Mas apesar da espera eles vivem e montam cenas inebriantes, como a hora em que eles dançam mesmo sem saber dar os passos certos, ou como logo que começa nevar e eles em uma espécie de gôndola próximos de uma ponte sorriem e celebram e quando Mario diz a frase matadora de Fiódor Mikhailovich Dostoiévski:
Um minuto inteiro de felicidade! Afinal, não basta isso para encher a vida inteira de um homem?
Porra, isso é foda!

E é legal como isso chega para mim. Esta semana procurava pelos trabalhos do Edward Hopper e o Hugo veio me falar do motivo do Bruno Medina escolher o nome da coluna e do blog dele, o Instante Anterior.

"Conversando com uma amiga cheguei a conclusão de que a vida é a eterna iminência de algo bacana. Quando o que você mais sonhava acontece inevitavelmente você sonha com a próxima conquista e isso nos mantém vivos. Já viu um quadro do Hopper? Ninguém nunca retratou a eminência com tanto brilhantismo. Os quadros deles são como acordes tensos que não encerram uma música, como uma sétima maior que prepara o próximo acorde. "Instante Anterior" é mais ou menos isso."
[bruno medina - Instante Anterior]

E cá estou eu, sob a mesma condição, distraindo a verdade, enganando o coração (thanx pato fu), esperando... Mas até quando esperar?
Faz exatos dois anos que voltei da minha última viagem pro exterior. Cada vez estou criando mais raizes nos lugares onde moro e eu não sei direito o que é isso porque sempre parto antes que comece a gostar de ser igual (mas esta canção do pato fu está deixando de fazer sentido para mim).

Looking back, foram dois anos bem intensos e bem vividos na medida do impossível. Digo até que foram bem melhores do que eu esperava, o que é uma surpresa para um cara que sempre quer demais e nunca sabe se merece (e estas frases são todas de canções que cabem tão bem dentro de mim que perguntar carece: "como não fui eu que fiz!?").
Não seria possível contar tudo o que penso em um post como este, ia precisar de muito mais tempo e eu já quero sair da frente do computador.

Mas eu fico muitíssimo feliz de ter bons amigos. E é o que mais pesa por aqui mesmo. No interior, especialmente aqui em Limeira, temos uma deficiência gigantesca em muitas áreas e eu não quero enumerá-las aqui, mas tenho amigos.
Velhos amigos, novos amigos, mas principalmente bons amigos.
Ao lado dos amigos eu não me importo de esperar.

E é isso. Mas hoje não vou sair para comemorar, que quero ver se fico uma semana sem tomar para perder um pouco a barriga. Domingo passado foi o último dia que bebi. Estou me superando. :o)

Aqui tem uma página com meus últimos dias de Londres e os primeiros dias de Limeira.

Wednesday, November 15, 2006

paulo leminski & edward hopper







vazio agudo
ando cheio
de TUDO

loser manos

Aqui nos links ao lado, tem o 665 - O Vizinho da Besta que é um blog do John Ulhoa e do Rubinho Troll. Os dois tinham a banda mineira Sexo Explícito nos anos 80, bem antes do Pato Fu surgir. Hoje Rubinho mora em Londres, mas continua fazendo umas parcerias com John, como a produção do Let It Bed, último disco solo de Arnaldo Baptista e são parceiros no blog, claro.
O último post do Rubinho foi sobre Los Hermanos e rendeu uma discussão engraçada entre ele e John. Troll desce a lenha nos cariocas, mas termina pedindo para eles não descontarem no John se não gostarem da crítica.
John comenta o post dizendo que os cariocas tem uma tremenda qualidade e chama Rubinho pro pau.
O último, por sua vez diz que John está dando uma de resquício da ditadura, o ameaçando de violência só porque está exercitando a liberdade de expressão.
John não quer saber de inguinorânssia verbal, chama Rubs prá sair na mão.
Está no mínimo engraçado. Aqui.

Mas engraçado mesmo e muito criativo é o texto do Adolar Gangorra sobre como ele se fodeu em um show dos Los Hermanos. De tudo o que já li sobre os fãs da banda, este é o melhor texto já escrito. Divirta-se.

Resolvi postar estes links porque hoje descobri, tarde pelo número de comentários, o blog do Marcelo Camelo.
É bacana, com manuscritos do próprio, mas parece preso à Globo. Não sei, não.
Sinto falta do Instante Anterior, do tecladista Bruno Medina.

É isso. E nada como um feriado no meio da semana, fala aí?
Palavras digitadas ao som de Ween - Chocolate and Cheese.

Tuesday, November 14, 2006

be actress

Outro dia falei da galeria que conheci e na qual me senti em Londres. Mas, ogro que sou, esqueci de mencionar que estava acompanhado de um grande amigo que foi quem me apresentou o espaço: o Paulo Corrêa.

Paulo diz que não é de ter atriz predileta, mas encontrou com Maria Schell em Noites Brancas de Luchino Visconti e aí já viu, né? Sem contar que este filme é inspirado em uma obra de Fiódor... [suspiros]

Nas últimas semanas também me liguei em uma mulher de outros tempos. Vi Jules et Jim, e aquela mulher para dois homens me chapou.
Já falei e vou repetir: Scarlett Johansson nada, eu quero Jeanne Moreau! Ou estas mulheres de então.


Monday, November 13, 2006

we hate it when our friends become successful

O brother Luiz Biajoni certamente teve um ótimo final de semana, após ler a resenha de seu livro que saiu no jornal O Globo de sábado.
O nome do livro? Sexo Anal - uma novela marrom.
Ele já recebeu críticas de 23 figuras aqui na internet incluindo do Pedro Doria do site no mínimo, mas nada como ver a capa do seu livro em um grande jornal impresso, fala aí?

Em O Globo, para ler qualquer matéria você precisa se cadastrar. Como achei muito burocrático chegar até o caderno Prosa & Verso, vou transcrever uns trechos da resenha para você que está com preguiça de preencher todo o formulário para ler.

trama pornográfica com escatologia e bom humor

(...)
Utilizando uma linguagem que em alguns momentos faz "O doce veneno do escorpião", de Bruna Surfistinha, parecer literatura infantil, Biajoni constrói uma interessante trama urbana altamente pornográfica, com alguns momentos escatológicos e muito bom-humor.

Virgínia, a protagonista, é uma jornalista iniciante que só sente realmente prazer quando faz sexo anal com seu namorado Luiz, um escriturário sem maiores ambições na vida.

(...)[Conta um pouco a história do livro]

O mais importante, no entanto, é que Biajoni conta bem a sua história, reunindo grande quantidade de personagens, quase todos bem construídos e relacionados de algum jeito à forma de prazer preferida de Virgínia. Quanto à linguagem, não esperem muitas metáforas.

É bastante explícita mesmo (recomendo, inclusive, deixá-lo fora do alcance das crianças e de pessoas de muito pudor), mas nada gratuito, como às vezes acontece, mesmo com autores consagrados. O autor não quer chocar ninguém, mas também não usa meias palavras para as cenas de sexo, que dominam boa parte do romance.

A leitura flui rápida, não apenas pelo interesse nos personagens, mas porque a linguagem de Biajoni traz momentos propositalmente exagerados, como é comum em textos de humor.

Ele poderia ter desenvolvido mais a trama, pois, apesar de concluir sua história de forma satisfatória, ainda havia fôlego para as várias subtramas que cria. Mas o desabafo final de Virgínia, cheia de culpas, remorsos e dominada por suas fantasias, não deixou espaço para mais nada - ainda mais depois da última frase, romântica às avessas em todos os sentidos.


[André Luis Mansur - Caderno Prosa & Verso do Globo]

Para maiores informações sobre o livro, entre no blog do Bia que tem todos os links que você precisa.
Eu confesso que ainda não li, preguiça de ler um livro todo no computador, por isso torço para um editor mais esperto se ligar e publicar esta novela com urgência.
Todo sucesso pro Biajoni que ele merece! Meus parabéns por mais este passo, guei! :o)

***


Ainda nos amigos que estão se destacando:
Sexta-feira dei um pulo no Sesc Piracicaba. Enquanto esperava o início apresentação do Clube da Esquina (durante a semana pretendo escrever sobre), fiquei folheando o caderno da programação de novembro e vejo uma foto dos Cirandeiros, falando do show deles lá. Eita que isso é bom demais. No mesmo caderno tinha fotos do pessoal do Clube da Esquina e dos meus queridos amigos de Limeira.


Os Cirandeiros trazem releituras de músicas folclóricas, cirandas, samba-rural, maracatu, músicas regionais, xote, baião, folias de reis e músicas de composição própria. Além da qualidade musical, com arranjos e composições próprias, as apresentações dos Cirandeiros também trazem um diferencial: a dança e a interação através da “brincante”, que faz o contato mais direto com o público e estimula a sua participação.

Na Lanchonete.
R$ 3,00; Grátis (usuário matriculado). Grátis (trabalhador no comércio e serviços matriculado e dependentes).
Dia(s) 30/11 Quinta, às 20h.
SESC Piracicaba


Maravilha!
E nesta semana eles apresentam a canção Panela de Barro da Ciranda, no Festiafro.

***


É claro que este título acima é uma brincadeira. Eu fico feliz com o sucesso dos meus amigos. Mas a música do Morrissey é genial, acho a letra irônica e divertida e também acho que vale conferí-la aqui.

Para encerrar falando de mais um brother, o jornalista Cristiano Kock Vitta criou um blog recentemente e já está com vários posts interessantes lá. Meu caro leitor certamente encontrará boas leituras no Banzeiro.

Aquele abraço!

Friday, November 10, 2006

escola do rock


Há tempos que roqueiro Brasileiro deixou de ser taxado de bandido ou marginal. Hoje é uma profissão que os pais incentivam, e acho que cada vez teremos mais e mais roqueiros no Brasil.
Por que? A partir de 2007 teremos até um curso superior de formação de produtores e músicos de rock no Brasil. Saca só os debates que já rolaram na universidade, tem vários vídeos com músicos gaúchos no site da Unisinos.
O idealizador e futuro coordenador do curso é o gaúcho Frank Jorge.

Mas não pensem que é só festa, onde vai encontrar neguinho bebendo e fumando em sala de aula. Tem que pegar firme nos estudos, meu filho!



Tá aí um bom motivo para se morar em Porto Alegre.
Soube disso através da Folha Online, enviada pela Jan.

Tuesday, November 07, 2006

my summer of love

Não é a toa que Londres anda viva na minha mente.
A Amanda está lá e tá sempre postando fotos e me contando coisas bacanas da cidade, estou planejando um encontro com amigos que moravam comigo lá, vira e mexe dou uma olhada nas histórias do Ivan Lessa que está lá há quase trinta anos e sempre tem os filmes que se passam em Londres.

Se revirar os arquivos aqui vai ver como eu curtia trabalhar na loja do Clenio. Era uma novidade atrás da outra. Estava sempre conhecendo gente nova, algumas pessoas muito bacanas, outras nem tanto, outras bem chatas, mas era sempre novidade.
Estava sempre em contato com o pessoal das revistas Jungle Drums, fRoots e SongLines. Frequentava o Momo's sempre que rolava uns sons Brasileiros e sempre tinha uma galera bacana. Era o barzinho que eu via shows na faixa, quase sempre lotado, afinal ali não cabem nem 50 pessoas. Mas vi a banda Metrô tocando para pouquíssimas pessoas, inclusive com a Virginie cantando Beat Acelerado olhando para mim. Tem um post sobre isso aqui.
Vez ou outra tomei umas com Ady Harley, o homem por trás da gravadora Trama na Europa. Encontrava com o produtor Will Mowat em shows e ele sempre me apresentava para novas pessoas, DJ's, povo de gravadoras e me apresentou também para Chico César.
Do pessoal das gravadoras, tinha o dono da Stern's, de vários selos que nem me lembro mais e não nego que até conhecer o dono da Trouble Records não foi ruim. (Post explicativo)



Na verdade, eu tô falando tudo isso porque estes dias eu assisti um filme britânico chamado Meu Amor de Verão que chegou recentemente nas locadoras do Brasil.
E aí que nesta mesma época em que tudo isso aí acima acontecia, chegou na loja uma produtora de cinema procurando por uma canção chamada Três Caravelas na versão do Gilberto Gil e Caetano Veloso. A música está no Tropicália e ela, além de comprar o vinil por cinquenta libras (mais de duzentos reais), queria saber se tínhamos contato com algum empresário do Gil para pedir os direitos da canção, e ela temia que não ia ter tempo para colocar Três Caravelas no filme. Consegui uns telefones na internet mesmo, passei para ela, mas nunca mais tive notícias do filme.
O filme está aí, povo. É bacana, ganhou o bafta e a música tá lá, linda!
Fiquei beeem feliz com isso. Coisa besta, né? Mas eu sou assim mesmo.



Dedico este post ao maestro Rogério Duprat.

Sunday, November 05, 2006

kind of blue
















Eu não sei quantas garrafas de cerveja
eu consumi enquanto esperava que as coisas
melhorassem
eu não sei quanto vinho e uísque
e cerveja
principalmente cerveja
eu consumi depois
de separações com mulheres
esperando pelo telefone tocar
esperando pelo som de passos
e pelo telefone tocar
esperando pelo som dos passos
e o telefone nunca toca
até bem mais tarde
e os passos nunca chegam
até bem mais tarde
quando meu estômago
está saindo pela minha boca
elas chegam tão frescas quanto as flores da primavera:
"que merda você fez com você?
serão 3 dias antes de você poder me foder"

a fêmea é firme e forte
ela vive sete anos e meio a mais
que o homem, e ela bebe pouca cerveja
porque ela sabe do mal que isso faz para o corpo

enquanto nós ficamos loucos
elas estão lá fora
dançando e rindo
com babacas

bem, existe cerveja
sacos e sacos de garrafas vazias
e quando você pega uma
a garrafa cai pelo fundo molhado
do saco de papel
rolando
ruindo
derramando cinzas úmidas
e cerveja velha
ou o saco cai depois das 4
da manhã
fazendo o único som na sua vida

cerveja
rios e oceanos de cerveja
e o rádio tocando
canções de amor
assim como o telefone permanece em silêncio
as paredes continuam retas
e cerveja é tudo o que há.


"Beer" de Charles Bukowski [do livro Love Is A Dog From Hell] traduzido livremente por mim ao som de Miles Davis na madrugada da primeira noite do horário de verão.

(...)the sacks fall over at 4 a.m.
in the morning
making the only sound in your life(...)


Este trecho é um puta soco no estômago.

Friday, November 03, 2006

todos os olhos

Londres anda viva em minha mente.
Ainda na noite do concerto conheci um espaço novo na cidade.
O Café Galpão do artista plástico Fábio Jacon.
Ao entrar no Espaço Cultural e hoje também um Café, me lembrei imediatamente de vários pubs de Londres, dos quais eu quase sempre me retirava bêbado por não saber controlar as pints.
Ambiente super aconchegante com sofás, lustres sobre mesas descoladas, quadros maravilhosos com muitos olhos (uma marca do artista), um piano de parede, som ambiente só com clássicos do jazz e da mpb, televisões rolando Betty Boop, uma estante lotada de livros de artes, cerveja gelada, uma boa variedade de bebidas por um preço razoável e um ótimo atendimento feito pelo próprio artista e seu sócio.
Sem contar que você pode pedir uma bebida e perguntar sobre os trabalhos dele, falar sobre a complexidade da arte plástica contemporânea... Você já se viu perguntando isso para um garçom!?
De repente ouço: Hi, Fábio! Good to see you here!
Pulo de susto. Estaria eu em Londres? Era uma ex-aluna minha e seu marido.
O casal ainda fala de como é bom estar em um lugar onde se pode conversar sem ter que gritar, como em quase todos os lugares que estavam lotados.
Incrível como ainda conheço coisas novas aqui nesta cidade.
Talvez seja este o motivo que ainda me faz ficar aqui.
Diferente de lá onde: I know, I know no one to say hello.

Thursday, November 02, 2006

tudo em vorta é só beleza

Dias de paz são importantes para quem vive em um caos interno, sempre querendo mais, mesmo sem saber se merece.
Ontem consegui terminar todos os relatórios que precisava da escola, corrigi todas as lições que estavam pendentes e saí do trabalho como quem consegue cumprir as tarefas: com vontade de tomar umas e curtir o feriado sem ter que pensar no trabalho a ser feito.

Gelton Morais, que conheci na escola de inglês, fez ontem seu segundo concerto de violão no teatro municipal da cidade. Gelton é um jovem com um cabelo bem comprido, que geralmente veste camisetas pretas de bandas de metal e tem um jeito tímido de ser em sua descontração e simpatia.
Ano passado ele me convidou umas duas ou três vezes para ver a apresentação. Não pude ir, deveria estar correndo com trabalhos da faculdade ou algo assim. Este ano, ele deixou uns convites na escola, e acho que de se cansar de me convidar nem falou nada quando nos trombamos no corredor sábado de manhã. Mas desta vez eu fui.

O concerto foi lindo. Para um cara como eu que sou muito pop e pouco clássico, é um alento conhecer na íntegra estas músicas que, leigo como sou, só conheço de comerciais de sabonete. E o Gelton apresentou quase todas as músicas com uma breve leitura sobre cada compositor. A apresentação dele que mais me tocou foi sobre Johann Sebastian Bach. Depois de ler sobre o compositor, ele fala: "Ah, nem tem que falar muito, Bach é o cara!" [risos geral e um: é isso aí, meu!]
Ele apresentou uma composição própria, chamada Prelúdio Nº 01, que fez há quase um ano, próximo do Natal, uma melodia lindíssima.

Havia alguns convidados. Dentre eles estava o caro Domingos (que talvez seja o mais novo frequentador deste blog. um viva!) com sua viola caipira abrilhantando a noite com maravilhas do cancioneiro nacional. Este meu amigo violeiro é do Grupo Cirandeiros e além de seus projetos de pesquisa sobre o caipira, músicas regionais e folclóricas, deve estar aproveitando muito as aulas que faz com Ivan Vilela. Saca só o currículo dele no site.

Depois chamou um amigo de infância para o palco para tocar uns rocks. Mandou Metallica, Queen e Led Zeppelin no violão e com o amigo no violoncelo. Uma sequência estranha, mas nada duvidosa para um jovem. Mas certamente agradou os amigos cabeludos presentes.

A que eu mais gostei foi uma chamada Caixinha de Música , de Francisco Tárrega, com umas técnicas de tapping (aquilo de dedilhar no braço do violão com a mão direita), e que de tão singela melodia dava vontade de chorar.

Meus amigos vão entender se eu disser que o que mais gostei do concerto foi ver a bailarina, coreógrafa e professora de dança Nina Medeiros. Ela apresentou uma dança contemporânea enquanto Gelton dedilhava mais belas músicas. Nina fez também uma apresentação de sapateado. Eu nunca tinha visto isso ao vivo. Genial!

Domingos voltou ao palco com o também Cirandeiro, o poeta e contra-baixista Max. Mandaram Assum Preto, de Luiz Gonzaga.
Quase no final tocou So What, do grande Miles Davis, com arranjos do Gelton e do Max, violão e contra-baixo acústico que eu acho um dos instrumentos mais lindos e poderosos no palco. Tem uma presença e tanto, fala aí! Esta foi foda. E no meio da música, aparece a Nina no fundo do palco dançando. Já ouviu esta música hoje? Não? Tem que ouvir... Acordei ouvindo esta do Kind of Blue e acho que o disco vai ficar aqui em cima da escrivaninha que vai rolar de novo e de novo e de novo.

Na saída encontrei com a dona da escola na qual trabalho, e ela veio toda feliz: "Fábio, he has the gift! And we... we have to work hard to get our money..."
É isso aí. Eu definitivamente precisava tomar umas.
Mas a noite não acabou aí.

(continua)

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