Thursday, February 28, 2008

eloquente mallu

Serginho Groisman: _Você compõe?
Mallu Magalhães: _Sim.
Serginho Groisman: _Em inglês?
Mallu Magalhães: _Sim.
Serginho Groisman: _E... por que?
Mallu Magalhães: _Porque sim.

Tem vídeos novos da moça, no myspace e tem uma discussão sobre o fenômeno Mallu Magalhães no Qualquer Coisa, o podcast dos jornalistas José Flávio Junior, Paulo Terron e Ronaldo Evangelista.



Para quem está torcendo o nariz para o hype, ouça neste podcast acima a canção "Mais de 30" do Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, na voz de Cláudia. Puta sonzeira e é o conselho que Ronando Evangelista dá para Mallu.

conselho número 31 a mallu magalhães

não confio em ninguém com mais de trinta anos
não confio em ninguém com mais de trinta cruzeiros
o professor tem mais de trinta conselhos
mas ele tem mais de trinta
mais de trinta
mais de trinta

não confio em ninguém com mais de trinta ternos
não acredito em ninguém com mais de trinta vestidos
o diretor quer mais de trinta minutos
pra dirigir sua vida
a sua vida
a sua vida

eu meço a vida nos coisas que eu faço
e nas coisas que eu sonho e não faço
eu me desloco no tempo e no espaço
passo a passo, faço mais um traço
faço mais um passo, traço a traço

sou prisioneiro do ar poluído
artigo 30 eu conheço de ouvido
eu me desloco no tempo e no espaço
na fumaça um mundo novo faço
faço um mundo novo na fumaça


Reforço o convite para ouvir este som, com guitarras distorcidas na linha dos Mutantes, pianinho bem 60's, e aquele swing que te remete imediatamente à uma época em que os hypes brazucas viraram verdadeiros clássicos da música no mundo todo; este é o tipo de som que qualquer gringo que se interesse por sons brasileiros deve ter na sua discoteca, por que não nós brasileiros, hein?

Mas se você curte a Mallu e quer ouvir um som mais fofo, ela deu uma palhinha para Rolling Stone, tocando "Anyone Else But You", canção interpretada por Ellen Page e Michael Cera, ou se preferir: Juno e Bleek.



Do you cry at endings? With a winning smile, the poor boy, with naivety succeeds. I always cry at endings...


Wednesday, February 27, 2008

blog 'n' roll is dead

Impressão minha ou todos os blogs do mundo estão meio... parados?

Tuesday, February 26, 2008

singing in the rain

Assisti um musical com produção dos irmãos Coen, dirigido por John Turturro e gostei bastante, tanto pelo enredo quanto pelos atores de peso que ali aparecem como Susan Sarandon que empenha uma sombrinha e sai cantando e dançando na frente da casa de uma vadia que roubou a atenção de seu marido; a vadia em questão é interpretada por Kate Winslet, e o marido garanhão é James Gandolfini. Eu entendo o preconceito que existe em torno dos musicais, já que muitos são realmente chatos por não terem um diálogo sequer sem que alguém comece a dançar e cantar no meio da sala, mas existem muitos outros bem bacanas. E quem sou eu para criticar um musical? Eu que realmente acho que vida deveria ter trilha sonora, eu que não passo um dia sem soltar a voz no trabalho, cantando para espantar o tédio dos alunos (ou deixá-los entediados!?). E quando vi a homenagem de Woody Allen aos antigos musicais roliúdianos joguei fora o preconceito que tinha com este estilo cinematográfico.
Como gosto das listas, seguem abaixo cinco obras que eu recomendo:

Este último com as canções dos Beatles eu ainda nem vi, mas já gostei. Se é recomendado por Amanda e Karina, eu também assino embaixo.

Aqui fica uma menção honrosa ao clássico com Gene Kelly dançando e cantando na chuva:



P.S.: E o Oscar, hein? Eu fiquei contente com as premiações para Onde Os Fracos Não Tem Vez, levando em consideração que ainda não assisti Sangue Negro, claro. O Ethan Coen não é a cara do Nando Reis!?
Fiquei feliz também pela estranha roteirista de Juno, filme que vi domingo à noite em uma sala de cinema do pólo norte. Por que diabos a sala precisa ficar tão gelada?

Sunday, February 24, 2008

sorria o tempo todo


How to fight loneliness?
Smile all the time

Shine you teeth 'til meaningless
And sharpen them with lies

And whatever's going down
Will follow you around
That's how you fight loneliness

You laugh at every joke

Drag your blanket blindly
And fill your heart with smoke

And the first thing that you want
Will be the last thing you ever need
That's how you fight it

Just smile all the time




O Brigatti mandou um link com vários posters dos shows do Wilco. Presentão.
Aí o Mac fez um post sobre os shows que rolaram na cidade natal da banda de Jeff Tweedy, e deixou links onde encontrar áudios dos mesmos.

São pequenas coisas como estas que fazem uma noite chuvosa de sábado ficar mais aconchegante.



Quero rever Garota Interrompida, que tem esta canção na trilha sonora. Na época que vi o filme, eu não conhecia o Wilco.

Mas agora eu vou ficar aqui curtindo estas canções frescas, gravadas ao vivo, que acabei de baixar. Clique na fotografia tirada por Joshua Mellin e veja os vídeos dos cinco shows destes caras que tocam no mundo todo, mas sempre voltam para Chicago.

God bless this man.

Thursday, February 21, 2008

gil, traga um cesto de alegria de quintal, por favor

Considere, rapaz
A possibilidade de ir pro Japão


Existem dias em que fico realmente pensando até que ponto vale a pena ficar aqui no interior tentando levar a minha vida de adulto. Dia desses, vendo os Mutantes no Bem Brasil pela televisão, fiquei com saudade de ver um evento ao vivo. No mesmo dia fui ver aquela apresentação inspirada nas obras do Leminski, mas ao contrário do que imaginava foi um tanto massante. Voltei prá casa e continuei pensando na minha vida de um cara do interior. Será que as vantagens que tenho de estar em uma cidade pacata são realmente vantajosas? Eu não sei.
Esta semana, na aula, conversando com uns alunos, comentei que meu final de semana foi um saco e uma aluna imediatamente falou que sabia que uma hora ou outra eu iria dizer isso. Explico: eu sempre digo prá eles que se o final de semana deles foi chato não foi culpa da cidade e sim deles que vivem nesta cidade. E aquela coisa que eu sempre defendi estando aqui no interior. A maioria diz que eu "viajo demais". De qualquer modo eu realmente quero acreditar que quem faz a cidade somos nós que aqui vivemos. E nós somos legais, porra! [risos]
Mas enfim... it's just a phase.

Gilberto Gil vai excursionar pelos Sescs do interior e vai começar aqui em Piracicaba. Ele vem com seu show Banda Larga, fazendo referência à este mundo cibernético do qual ele é muito ligado. No disco Quanta [1997] Gil compôs "Pela Internet", um samba em homenagem ao primeiro samba gravado no Brasil, o "Pelo Telefone"; há uma década ele já falava de criar o website, fazer a home-page, entrar na rede, promover um debate, juntar via Internet um grupo de tietes de Connecticut, brincando no final da canção com "Satisfaction", dos Stones, cantando "I can't get no connection!". Além disso tudo, Gil é o primeiro artista com um canal exclusivo no YouTube, o que mostra que mesmo em tempos de Campus Party ele continua na frente.

Se estivesse em Sampa, eu pensaria duas, três, quatro vezes antes de ver um show dele. Não que eu não goste deste tropicalista, mas certamente teriam opções mais interessantes, algo que eu estivesse ouvindo recentemente, como a Mallu Magalhães, por exemplo [risos]. Certamente eu ia curtir ver um show dela no Studio SP. Mas aqui eu não me dou este luxo de deixar de ver uma grande apresentação. Vou lá, e certamente valerá a pena, pois vale quanto pesa prá quem preza. Um grande consolo para quem não vai ver o Robert Zimmerman. Além de curtir uns clássicos do ministro, seus shows sempre contam com uma banda muito boa. Acredito que só de ver o Arthur Maia no baixo já vale o ingresso.

Interessante é ver a agenda no site dele: Gil começa o mês de março no Sesc Piracicaba e termina no Barbican em Londres. Em Sampa eu talvez não veria Gil, já em Londres, certamente eu veria, e possivelmente seria de graça, como vi Hermeto Pascoal. [clique aqui e leia minha tosca descrição deste show do grande hermeto em 2004]

Quem não vem no cordel da banda larga,
vai viver sem saber que mundo é o seu.


Estava aqui lembrando das vezes que vi o Gil no Parque do Ibirapuera. Uma vez foi com os Doces Bárbaros, com a participação de um temporal no final do show. Isso virou até DVD que até hoje não vi. E uma outra apresentação que vi no mesmo parque, teve participação da conterrânea dele, a Ivete Sangalo. Sim, eu já vi Ivete. Mas ela estava de calça.


Determine, rapaz
Onde vai ser seu curso de pós-graduação


[abrindo e fechando o post: "oriente" - gilberto gil]

lugar de ser feliz não é supermercado

Hoje comprei coisas saudáveis que vem em pacotinhos para gente que quer ficar magrinho.

Tuesday, February 19, 2008

paul is dead

Um blog de leitura obrigatória para mim é o With lasers!, do Paulo Terron. Sempre tem novas bacanas sobre o mundo pop ou coisas do gênero. A informação de hoje é que Paul morreu. Sim, o Paul da capa do Abbey Road. Tem toda a história de que esta capa lembra um funeral, porque eles andam em fila simbolizando um enterro, onde temos o John de padre, o Ringo como um agente funerário, Paul como se estivesse no caixão no meio deles e George maltrapilho como se fosse o coveiro. E aí surgiram mais milhões de maluquices sobre o carro que poderia ter atropelado Paul, sobre o carro preto ser o carro da funerária, etc e tal. Procurem aí que vão encontrar milhões de informações sobre o fato.


Mas quem morreu não foi o McCartney, afinal na lenda ele já estava morto. Quem morreu foi Paul Cole, o senhor que aparece na calçada olhando para eles. É por essa e por outras que eu não deixo de ler o essencial With lasers!

E já que o assunto é gente da capa, que tal cobrir teu rosto com uma capa que mostre o rosto de algum grande figura e fotografar, hein? Estes sleevefaces estão me divertindo aqui. Tem sleeveass também.
Vou tentar fazer um aqui e depois apresento prá vocês.

amigos na televisão

Meu brother Márcio Yudo, que está muito bem no Canadá, deu uma entrevista para a Globo e apareceu no Jornal Nacional de ontem. Espero encontrá-lo no mês que vem, quando virá de férias para o Brasil.

O cantor, compositor, escritor e agora artista plástico Luis Capucho deu um pulo em Sampa para uma entrevista para a Mix Brasil. Ele aparece vestindo a camiseta da Cássia Eller. ;-)

A gente fica um tempão sem ver os camaradas, mas ao menos eles aparecem na TV, né?

Sunday, February 17, 2008

poluição visual

Estou ouvindo algumas sessions do programa do Lúcio Ribeiro e do Fábio Massari, o PopLoaded e dentre os sons tocados, mandaram vários sons novos de uma galera mais nova ainda e depois da Mallu Magalhães, fui apresentado para Stephanie Toth que é um ano mais velha que a moça do post anterior anterior e toca Elliott Smith. Como um bom adulteen estou curtindo também. Este post correndo assim é só uma provocação para meu amigo Paulinho Corrêa que tem o blog no ar há 5 anos.

The Nowhere Man há mais de 5 anos no ar para o teu deleite delírio desespero.


..::palíndromo::..
watch the shortfilm by barcinski


S O C O R R A M M E S U B I N O N I B U S E M M A R R O C O S

How you doing?
Visite também ..::picture & paintings::.., mais um segmento de The Nowhere Man Corporation.
Basta clicar nesta foto que está situada no topo direito da tua tela.

Mas o que recomendo mesmo são alguns blogs desta lista ao lado, boa leitura.

Agradecemos a visita.

< / poluição visual >

Friday, February 15, 2008

tchubirubing

If you come over I'll say tchubaruba
If you're down, yes I'll say tchubaruba
If you don't know where I am, I'll be tchubirubing
If you don't know who you are
You can tchubada
You can tchubaduba
You can tchubadubada


Ok, eu confesso, Mallu Magalhães me pegou de jeito.
Se você ouvir as canções mais que três vezes, elas grudarão no ouvido, você vai querer sair cantarolando e será mais feliz no final de semana.


Ah, eu cantaria prá fazer sorriso
Eu perderia o meu juízo
Só prá ser especial...


Ela faz sorriso e é especial.
Mas se ainda não ouviu, corra, porque (sem querer ser chato, mas já sendo) eu acho que estas canções tem prazo de validade.

tchubaruba

Metade da blogosfera já falou da Mallu Magalhães. Depois da minha resistência imediata aos hypes, conferi uns sons da guria. Ela é bem fofinha, as músicas são bonitinhas, mas a meiguice mesmo fica por conta da idade. Eu acho que ela tá certíssima nos seus sons honestos e em fazer o que curte com o seu folkabilly. Contudo, o fato de alguém de 15 anos gostar de Johnny Cash e Belle & Sebastian, se interessar pela pop art de Andy Warhol e curtir a Tropicália não deveria ser levado tão a sério. Ela tem bom gosto pelo que a gente lê nas entrevistas, mas parece que as pessoas se impressionam mais com isso do que com o som que ela faz. Ela é de uma geração que aprendeu a ler na internet, aprende escrever e já faz pesquisas no google.
Tudo tem explicação, e eu fiquei aqui pensando enquanto ouvia o som de uma banda que ela adora.
Mallu diz ser muito fã do Vanguart. Em uma rápida busca sobre o nome da banda, você descobre que ele foi tirado de um vídeo sobre Andy Warhol. Pense na clássica declaração de Warhol "um dia, todos terão direito a 15 minutos de fama".
Pronto.
Ela acreditou nisso, gravou as composições que tinha e que achava legal, caiu na graça de um jornalista que contou para um amigo que contou para um blogueiro que espalhou a notícia da guria de 15 anos que faz um som bacana e BOOM!
O novo hype do cenário alternativo brasileiro está lançado.

Graças à Mallu eu baixei o último disco do Vanguart, que tem esta capa lindíssima:


Obrigado, Mallu. O disco do Vanguart tá muito bom mesmo!

Thursday, February 14, 2008

valentine's day is over

Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.


[p. leminski]

Wednesday, February 13, 2008

pocket music

O site Música de Bolso já está com uma boa coleção de vídeos para ouvir e músicas para ver. Hoje estava vendo o vídeo do Móveis Coloniais de Acaju que foi adicionado ontem e dei uma passada pelo blog do MdB. Para minha surpresa, vi um link deste meu humilde blog nos agradecimentos do último post do ano.
As músicas, os vídeos, os blogs e sites indicados por este que lhes escreve é por puro prazer sem nenhuma outra intenção, e obviamente fico muito feliz de saber que muitas vezes eles servem mesmo para as pessoas que por aqui passam.
Para o pessoal do Música de Bolso deixo o meu agradecimento pelos momentos de prazer que tenho sempre que ouço um novo vídeo produzido por vocês.

Como o disco mais tocado aqui nesta semana é o Terceiro Mundo Festivo do Wado, fiquem aí com um vídeo dele, de Tarja Preta do seu segundo disco [cinema auditivo].


leminski, limão e gelo

Preciso melhorar deste resfriado logo para ver esta apresentação que parece interessante. Senão ficarei em casa sem Leminski e sem gelo, só com chá, mel e limão.


Tuesday, February 12, 2008

no escurinho do cinema

Matei a saudade da sala de cinema vendo Onde Os Fracos Não Tem Vez, pulando de susto na cadeira algumas vezes.

Friday, February 08, 2008

palavras

Estava na minha primeira audição de Terceiro Mundo Festivo, o novo disco de Wado, que o Mac recomendou (e 90% do que ele indica, eu acabo adorando) quando começo ouvir um podcast com o caro Luiz Henrique Biajoni e Edson Cruz, o editor do Cronópios. Este encontro virtual foi possível graças ao Programa Laboratório de Leitura, dirigido por Diego Franco. Neste programa eles falam, obviamente, de leitura.
Luiz Henrique é prata aqui do blog há tempos, mas eu não sei por qual motivo eu ainda não tinha linkado o Cronópios. Conheci este site pelo Capucho, e já tinha lido alguns textos geniais da grande Mathilda Kóvak por lá.

O último podcast é com Albano Martins Ribeiro, o Branco, falando de literatura independente e da sua editora OsViraLata (e ele fala também sobre Meu Tio, do Tati, que me apresentou recentemente) e com o escritor Daniel Galera, um dos cabeças do Livros do Mal.

"Leio, em média, um livro por semana, mas no momento em que não há interesse eu não vou ler. Eu acho que a leitura não pode ser uma auto-imposição, tem que haver um interesse", diz Galera.

Meu amigo Montanhér me achou, a princípio, paranóico com o meu desespero por estar muito atrasado nas leituras das obras obrigatórias. Conversando com ele recentemente, sua opinião era outra, disse-me que eu tinha razão em estar desesperado, é preciso correr e ler sim todos estes caras. E eu acho que ele disse isso também, porque eu ainda não li nada de Dostoiévski e mais uns outros duzentos caras obrigatórios para um mínimo conhecimento.

Disciplina. Vou tentar praticar a disciplina em 2008.
Me envergonhei quando vi a data de dedicatória do livro que estou lendo agora. Passaram-se meses até eu abrir a primeira página d'O Enigma da Pedra, do Jim Dodge, que ganhei do meu amigo Luiz Henrique. ;-)
Mas o que importa agora é que estou curtindo prá caralho, e digitei aqui um dos trechos que mais me fez viajar nesta história que é um rito de passagem do jovem Daniel Pearse. Imaginem este sonho:

"Pela primeira vez, ele sonhou depois da explosão.
Uma carta foi dada para ele, fechada, sobre o feltro verde da mesa. Ele a virou. Valete de copas (...). Ele focalizou a imagem. (...) Ele colocou a carta de cabeça para baixo. Agora era o rosto de Bobby. Ele rasgou a carta ao meio.
Uma outra foi imediatamente distribuída, deslizando fechada sobre o feltro. Lentamente, ele a desvirou. O valete de copas. Ele a rasgou ao meio.
Uma outra foi distribuída. Valete de copas. Ele a rasgou em dois pedaços.
E outra, outra e outra, o dsitribuidor invisível as lançando tão rápido quanto Daniel as rasgava.
A carta seguinte que ele virou estava em branco. Espantado, olhou para a superfície lustrosa e branca. Um pássaro gritou. Ele tocou a carta. Ela se transformou numa janela. Ele se esforçou para ver através dela, mas estava olhando para dentro de um céu vazio.
Tocou o vidro da janela e, quando retirou os dedos, viu uma pedra negra arremessada violentamente na sua direção. Porém, à medida que a observava, arrebatado, viu que não era pedra nenhuma, era um pássaro, um corvo, e ele tinha um pequeno objeto brilhante preso no bico, uma quinquilharia esférica qualquer, uma conta de vidro, mas não, era brilhante demais, clara demais. Um diamante, uma esguia flama espiral queimando no centro, e então o pássaro atingiu a janela e ficou congelado num espelho, e ele ouviu sua mãe berrando: "Fuja, Daniel, fuja", mas não havia nada que ele pudesse fazer, estava caindo para dentro do espelho. Ele curvou-se todo para se proteger, então mudou de idéia, se abriu, braços abertos esticados; um instante antes de atingir o espelho, viu que ele estava vazio.
O espelho estilhaçou-se em um milhão de lascas de diamante, e Daniel flutuou sobre as costas na água enluarada, observando a escuridão e as estrelas.
Acordou tarde na manhã seguinte. Exceto por uma sede furiosa, ele sentia-se ótimo. Estava sonhando novamente."


[jim dodge; O ENIGMA DA PEDRA]


Viagem das boas, né não?
Bom, vou voltar ao som do Wado.
Enquanto escrevia aqui, baixei 1 real, o novo disco do Dj Dolores. O link veio através do Padre Hippie Diego Franco, o diretor do programa do início deste post, que disse que este é o primeiro lançamento de peso de 2008. Confesso, aqui baixinho (porque tem gente que acha errado estar no exterior e ver som brasileiro), que um dos shows mais loucos que vi em Londres foi do Dj Dolores com a Orquestra Santa Massa.
Esta coisa de melhores do ano ainda no começo do ano é foda. Ou de dizer que é o primeiro de peso, eu não sei. Já li sobre alguns discos de peso de 2008, e a gente tá só no início de fevereiro, ou melhor, o carnaval acabou de passar, estamos só começando o ano!
Eu já ouvi um pouco Jukebox, da Chan Marshall a.k.a. Cat Power, vou baixar o último dos Shins e o novíssimo do Stephen Malkmus que o Biajoni recomendou, mas por hora vou ficar curtindo o Wado mesmo, que é truta do nosso amigo Capucho (que agora anda se aventurando nas artes plásticas).

Este post eu dedico para a Nobre Dre, que vive jogando confetes na minha pessoa e eu não vou negar que gosto disso! [risos]
Quero aproveitar também e mandar um abraço pro Ruizera, prá Marcela, pro Ricardo, pro Ming que disseram que sempre passam por aqui. É a galera do Nada Audiovisual.

Bom final de semana com bons sons e boas leituras!
Aquele abraço.

solo porque hoy es viernes

E sexta passa a ser o meu dia de estudar espanhol. Hoje volto para minha aula. Ainda não me sinto confortável para escrever nesta língua que estou aprendendo, mas deixo aqui uns versos de Neruda, porque ouvi Jobim declamando uns trechos dele no documentário produzido por Ana Jobim e fiquei com vontade de ler mais:

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.

Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.

Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.


[pablo neruda]

Wednesday, February 06, 2008

the meaning of life

Eu adoro quando assisto o Recorte Cultural e o Michel Melamed pára na frente do entrevistado e pergunta: "Qual o sentido da vida!?"
Aí você vê as pessoas mais interessantes do planeta ficarem segundos pensando e sem dar uma resposta convincente.
Muitas vezes fico pensando nisso. Vira e mexe divago com o Hugo (meu irmão) sobre o raciocínio padronizado das pessoas. Na última peça que assistimos do Melamed (Homemúsica) ficamos lá quebrando a cabeça junto com o Paulo sobre os significados das cenas vistas durante a apresentação. E o próprio Melamed diz que ele quer quebrar o padrão do raciocínio para ver se alguém consegue pensar diferente do que nos fazem ser. Não é muito fácil ser diferente, é?




quanto vale o show?

O show do caro Bob Dylan vai ficar prá uma outra oportunidade (ou uma outra vida?). Decidi ontem que não vou mais. É muita grana, isso é fato. Eu ainda acho que vale à pena. Mas tenho outras prioridades e preciso aprender a ter o espírito de sacrifício. Peraí! Eu acho que já sacrifico, mas tudo bem, ainda dizem que preciso aprender a dar mais atenção às verdadeiras prioridades. E eu preciso economizar uma grana para a faculdade. É a prioridade do momento. Mas há controvérsia.

todo carnaval tem seu fim

Fiquei em casa no carnaval, mas montei uma programação bacana. Encontrei alguns amigos para beber. Vi filmes. Arrumei minhas coisas em casa.

Na companhia do Pubz e da Ju, na casa do Miranda, assisti Um Cão Andaluz, A Pessoa É Para O Que Nasce e Nascido Para Matar. Na sequência: meu primeiro Buñuel com direito à aula de Miranda sobre o surrealismo, o curta de Roberto Berliner sobre as três ceguinhas e o clássico de Kubrick ouvindo a chuva cair na madrugada. Eu gosto dos pequenos prazeres.

o simpático senhor hulot

Um outro dia, sozinho em casa, peguei o envelope que recebi de presente do grande Branco Leone e inseri As Férias do Senhor Hulot no moderno aparelho de DVD. No dia seguinte assisti Meu Tio. Ambos de Jacques Tati, um diretor que eu estava louco para conhecer. Fico super feliz de ter bons amigos que sempre me apresentam para as coisas boas que existem neste mundo. Eu não vou falar dos filmes, que você sabe que não sou bom nisso, mas é prazeroso se identificar com Hulot, o personagem principal dos dois filmes, que é representado pelo próprio Tati. No primeiro filme que vi, fiquei com um sorriso estampado no rosto o tempo todo. Dá para colocar junto com as canções que me fazem abrir um sorriso. Cinco canções e um filme que te fazem ser mais feliz.

não se fazem mais antigamentes como futuramente


Meu Tio tem cores belas, e mesmo sendo um cinema quase mudo, e tendo o próprio diretor atuando, não dá para comparar com os filmes de Chaplin. Ele tem uma linguagem diferente, mesmo que trate de assuntos parecidos. Neste filme, Tati mostra a sociedade moderna, com seus carros e seus eletrodomésticos e todo o estress tecnológico que existe em volta disso tudo. Você pode pensar em Tempos Modernos de Chaplin, mas é outra coisa.
O que é divertido ver, é como Hulot não se enquadra neste padrão moderno. É um filme de 1958.

Este desespero existe há anos e ainda hoje não acharam uma solução prá isso. Essa coisa de ter carro do ano, tv de plasma, abridores de lata elétricos, celular com tocador de mp3 e câmera digital embutida... Eu ainda penso no sentido disso tudo.
Para mim vale mais um show do Dylan que um celular modernoso, mas ao mesmo tempo vale mais um disco do Wilco que pular o carnaval atrás de algum trio elétrico.
Só sei que nada sei.



P.S.: A primeira vez que ouvi falar em Tati foi no aniversário da Lia Biajoni, quando conheci Branco, que logo começou me contar de onde surgiu a inspiração para o novo nome da antiga Inteligência Ltda. Leia.

P.S.2: Valeu Sr. Albano! ;-) Adorei Daki.

Monday, February 04, 2008

never wake up before noon

Amanhã é o último dia do ano que vou poder dormir até depois do meio-dia.
Vou desligar o celular e não quero ouvir nem os tic-tacs dos relógios.

Friday, February 01, 2008

quem guarda tem

Lembro de um tio que vivia dando lições de economia quando eu era criança. Ele sempre dizia que quem economizava, tinha para usar depois.
"_Quem guarda tem, quem guarda tem." - dizia ele.

Em dezembro do ano passado, quando soube do show do Bob Dylan, lembrei deste meu tio e resolvi poupar todo troco dos bares e jogar em um cofrinho.

Os ingressos começaram ser vendidos hoje.
Abri o cofre para contar as moedas: R$14,10.
Fui ver o preço dos ingressos: de R$250,00 à R$900,00.

Eu quero muito ver o show.
Tô aqui pensando que se eu tomar umas cervejas na frente do Via Funchal, comprando de algum tiozinho que carregar um isopor, dá para tomar umas quatro latinhas com minha economia. Quatro latas, se tomar rápido e com o estômago vazio, dá até prá chapar. Tá bom demais!

Agora só preciso ver se consigo uma economia melhor para comprar o ingresso.
Meu tio estava certo, quem guarda tem, mas eu me esqueci que tinha que ter mais para guardar.

Brincadeiras à parte, ainda vou ver se garanto a minha entrada. Vou abusar do meu direito de estudante e aproveitar que dá prá pagar em três vezes no Mastercard. Preciso de mais três pessoas para dividir as despesas de transporte comigo. E aí, Bia, André, Maurício, Cris, Paulo? Vamos ver o homem!

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