Wednesday, March 30, 2005

t.s.

Paulinho é um cara que eu conheço desde que nasci, que sempre admirei, que estudou Física (dizer que fez Física e é louco é eufemismo, né?), que na Alemanha filosofou até o inverno chegar, mudou-se então para o outro lado do planeta onde vive há uns quinze anos se minhas contas não me enganam. Lá no Japão fomos praticamente casados por um ano e tivemos uma maravilhosa relação de amor e ódio, discutíamos sobre vários assuntos, ouvi várias de suas estórias, competíamos para ver quem ia completar primeiro a coleção de Bob Dylan (acredito que ele está ganhando), ouvíamos muita música, ele era muito paciente porque constantemente eu me apaixonava por uma determinada canção e fazia dela um hit dentro de casa tocando no repeat o dia inteiro, e o que era muito saudável nesse casamento era que um respeitava a mania do outro e eram muitas as manias. Acho que nunca comi tantos tipos diferentes de queijo como na época que morávamos juntos, foi com ele que aprendi preparar uma das minhas especialidades culinárias que é o delicioso estrogonoff, e mais vários outros pratos que segue a filosofia da cozinha que uso até hoje: preparar um rango bom, mas que seja prático e rápido. Foi o Paulinho que me ensinou o que sei sobre mitologia grega e filosofia. Como lembrança trouxe alguns cd's e dvd's que ele me presenteou e mais um Nietzsche, mas as melhores estão guardadas aqui na mente e no coração.
Dá prá falar um dia inteirinho sobre este meu primo querido, mas me disseram que posts longos não dão ibope. Então fica aqui este outro presente que ele me deu:

Um ano faz agora que os primeiros escritos me deste
Com letras tão redundantes a falar sobre quase tudo.
Em que esta pensando? Em que pensa? Em que?
Penso que esta pensando no peso da letra no eco...
A musica ondula junto a mim e sobre a alma.
E coloque o disco na vitrola...
Grande de Fábio de London , de Toquio, de Sampa,
De Limeira...Do Mundo...e até mais anos a ver...


Valeu, meu velho!

Tuesday, March 29, 2005

E aí? O feriado foi bom?

Friday, March 25, 2005

nowhere man

Este querido blog comemora um ano de vida hoje!
Obrigado pelas visitas, comentários e incentivos de todos vocês que passam por aqui.
Um brinde!

Bom feriado para todos, e cuidado com as espinhas.

Wednesday, March 23, 2005

meu coração é uma máquina de escrever

Num dia triste de chuva
Foi minha irmã quem me chamou pra ver
Era um caminhão, era um caminhão
Carregado de botão de rosas
Eu fiquei maluca
Por flor tenho loucura, eu fiquei maluca
Saí
E quando voltei molhada
Com mais de dúzias de botão
Botei botão na sala, na mesa, na tv, no sofá
Na cama, no quarto, no chão, na peteadeira
Na cozinha, na geladeira, na varanda
E na janela era grande o barulho da chuva
Da chuva
Eu fiquei maluca
Eu fiquei maluca


Hoje é aniversário do compositor desta linda canção. Luís Capucho é seu nome.
Parabéns, poeta!

Monday, March 21, 2005

turma da pilantragem

Nem vem que não tem é uma música com um swing contagiante, uma letra para malandro nenhum botar defeito, e como diz Wilson Simonal: uma musiquinha para machucar os corações. Faz parte da trilha sonora do aclamado Cidade de Deus, filme que fez muito sucesso na Europa e justo em uma época que o Brasil estava muito na moda por lá. Talvez motivados por esta onda vinda do país tropical, uma grande loja de móveis e decoração resolveu ter nem vem que não tem em seu comercial.
Comentei isso uma vez na comunidade do Wilson Simonal no Orkut. E este final de semana recebi uma mensagem do filho de Carlos Imperial (autor da canção famosa na voz de Simonal) pedindo umas informações sobre este comercial, porque ele não soube de nada disso. Traduzindo: não recebeu os direitos autorais da música de seu pai. Passei as informações que tenho e ele vai investigar o caso.
Carlos Imperial lançou Elis Regina, apresentou Erasmo Carlos em seus programas dizendo que o público ainda ouviria falar muito dele, soube usar a polêmica e a mídia para divulgar seus "produtos", participou do início do rock 'n' roll em Copacabana, namorava meninas bem mais jovens que ele, e, junto com Wilson Simonal era o rei da pilantragem.
Espero que este caso do comercial se resolva e não fique como mais uma rasteira em um grande e bom pilantra. Afinal, se Imperial deixou esta herança musical para o mundo, deixou também os direitos para sua família.
Por que mais uma rasteira?
No final dos anos 60 e início dos anos 70,Wilson Simonal desfrutava de seu sucesso e era um dos artistas mais populares e bem pagos do Brasil. Até que em 1972 foi acusado pelo Pasquim de dedo-duro, dizendo que tinha envolvimento com o Serviço Nacional de Informação (SNI). Sua carreira de sucesso desmoronou. Até hoje não se tem provas de seu envolvimento com o SNI. Por que teria a imprensa o acusado injustamente sem ter provas? Quantas outras obras poderíamos ter se essa injustiça não tivesse sido cometida por jornalistas que faltaram com a ética, publicando o que não era certo?
Impediram que ele continuasse no auge do sucesso, mas não conseguiram e nem nunca vão conseguir calar este grande figura enquanto as pessoas tocarem seus discos por aí.

E vamos voltar à malandragem!

Nem vem que não tem
Nem vem de garfo que hoje é dia de sopa
Esquenta o ferro, passa minha roupa
Eu nesse embalo vou botar pra quebrar
Sacudim, sacundá, sacundim, gundim, gundá!

Nem vem que não tem
Nem vem de escada que o incêndio é no porão
Tira o tamanco, tem sinteco no chão
Eu nesse embalo vou botar pra quebrar
Sacudim, sacundá, sacundim, gundim, gundá!

Nem vem, numa casa de cabloco, já disseram
Um é pouco, dois é bom, três é demais!
Nem vem, guarda seu lugar na fila
Todo homem que vacila, a mulher passa pra trás!

Nem vem que não tem
Pra virar cinza minha brasa demora!
Micho meu papo, mas já vamos’imbora!
Eu nesse embalo vou botar pra quebrar
Sacudim, sacundá, sacundim, gundim, gundá!

Tuesday, March 15, 2005

Tinha enviado um review para os clientes da MizzBrazil sobre o lançamento do DVD dos Los Hermanos. A loja fechou há uma semana, é isso aí, aquela lojinha querida que me abrigou por mais de um ano em London, onde conheci muita gente, ouvi muita música, tomei muitas cervejas e fiz outras cositas más fechou a porta. A loja virtual continua, mas deve passar por uma reformulação, deixo aqui registrado a minha tristeza e a saudade, mas ao mesmo tempo o meu desejo de um ótimo novo começo para o meu grande boss, Mr. J C Lemos.
...
(um minuto de silêncio)
...
Vai aqui o review para vocês, então.

além do que se vê

Toda banda que estoura nas paradas de sucesso com o primeiro disco, corre o risco de morrer na praia se não tiver um segundo trabalho bem feito. Isso é fato.
Los Hermanos fez muito sucesso em seu primeiro disco de 1999, especialmente com uma música que tem um cara narrando a tristeza de estar sem a mulher que tanto admira... Sim, sim, se você não estava em Marte você ouviu esta canção que atravessou um oceano, ganhou até uma versão em Inglês, de Jim Capaldi com George Harrison tocando sua linda guitarra, e a histeria em volta deste hit os levou a fazer uma turnê do outro lado do planeta.
Lançaram o segundo disco, O BLOCO DO EU SOZINHO (2001), que não teve uma vendagem astronômica, não teve uma canção que tocasse sem parar na rádio, na tv, na praia, nas casas noturnas como aconteceu com aquela do primeiro disco, porém foi um disco muito bem recebido e elogiado pela crítica especializada e ganhou novos fãs. Los Hermanos faziam música para gente grande, foi o que alguns jornalistas disseram depois de ouvirem o segundo disco. Renegaram aquela música de sucesso deixando de tocar nos shows, evoluíram musicalmente, os fãs de uma música só sumiram acabando com aquela histeria e eles foram em frente longe de morrer na praia.
Em 2003 lançaram o aguardado VENTURA, com arranjos de metais e coros que te fazem chorar, percebe-se uma influência de Chico Buarque, pelas ótimas letras e narração feminina, e temos então uma banda madura e talvez a mais consagrada atualmente pela crítica no Brasil.
O número de fãs voltou a crescer, um público diferente daquele que só conhecia a música que tocava na rádio, porém com uma histeria não muito diferente. E isso percebemos no show deste DVD, gravado em um antigo cinema desativado do Rio de Janeiro, o Cine Íris. Na primeira música, Marcelo Camelo deixa o público cantar a primeira estrofe, e só entra depois deles gastarem um pouco a voz gritando. A histeria é tanta que muitas vezes cobre a voz dos vocalistas. Um repertório de vinte músicas, baseado no BLOCO e VENTURA, tendo apenas uma do primeiro. O cenário de fundo do palco é uma ilustração de Domenico Lancellotti (Domenico + 2).
Além do show, o DVD conta com um documentário de gravações caseiras feitas em um sítio em Petrópolis, mostrando a fase de composição das belas canções do Ventura. Discutem as opções para o nome do disco, contam com a visita do produtor, músico e amigo Kassin (parceiro de Domenico e Moreno), tocam Santa Chuva que foi gravada por Maria Rita e apresentam os arranjos para o trio de metais. O documentário mostra também trechos da turnê européia, onde tocam a famigerada Anna Júlia numa versão acústica para uma rádio em Portugal e mostra a banda no estúdio fazendo uma jam com os Paralamas do Sucesso.
Se você não conhece a discografia desta banda, depois de assistir este DVD, com certeza notará que Los Hermanos vai muito além de Anna Júlia.

Sunday, March 13, 2005

ela é bamba (editado)

Ana Carolina veio tocar na city. Gosto dela. O primeiro disco é legal, o segundo ficou melhor, o terceiro parece ser mais maduro ainda apesar de não ter ouvido tanto quanto ouvi os outros dois, mas tem uma música do Vitor Ramil e na época do lançamento do Estampado eu estava curtindo muito um dos parceiros dele, o Nei Lisboa, e na minha opinião o disco ganhou mais um ponto por isso.
Sabia que ela tinha uma boa banda, o clube é aqui pertinho de casa (onde vi o primeiro show da minha vida), então fui.
A banda era boa mesmo, o som estava ótimo e os cinco melhores momentos da noite, tentando colocar numa ordem cronológica e não de preferência são:
1.tomar umas cervejas com meus bons amigos e rever uma colega que não via há 15 anos;
2.o batera Cesinha e o percussionista tocando seus cajons;
3.Ana Carolina declamando Quase de Luis Fernando Veríssimo;
4.ela e quatro dos músicos tocando pandeiro, muito foda;
5.ver o sorriso do Marcelo Sussekind no final do show, missão cumprida.

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.

É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.

Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.

A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.

Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.

O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.

Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.

De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.

Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.

Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.


Navegando aqui, procurando outros textos do Veríssimo, caí em algumas discussões onde diziam que o Quase não é dele. Sabendo que acontece com certa frequência estes textos que passam por milhões de e-mails, fico na dúvida.
Será que este povo que discute na internet realmente sabe se o texto é dele ou não?
Teria a Ana Carolina conversado com o Veríssimo sobre o texto antes de lê-lo em seus shows? Estaria ela enganada, lendo o texto e dando o crédito à ele sem saber se realmente é dele?
I don't know...
De qualquer maneira, fica o texto, que foi tão bem interpretado no show, que fiz questão de postá-lo aqui. E agora, independente da autoria.

Tuesday, March 08, 2005

pato fu demo

Então o Pato Fu está de volta com um disco independente lançado pela Rotomusic?
Com um clipe feito com ilustrações de Laerte e CIA?
Uh Uh Uh, La La La, Ié Ié!

Monday, March 07, 2005

before sunrise

Madrugada de domingo para segunda é o único horário que me sobra para escrever aqui, agora que entrei para esta nova fase da vida. Não é fácil ser adulto.
...
Claro que isso tudo é uma grande brincadeira. Porque eu sou mesmo um exagerado e se não fizer um drama, não tem graça.
Fechei a primeira semana depois de começar um trabalho no Brasil. Vou ter algumas turmas em duas escolas de Inglês da cidade. Nem estou acreditando nisso ainda. Depois de trocentos anos sem ter um emprego neste país, vou ter um salário no próximo mês (que vai diretamente para o bolso do dono da faculdade, mas tudo bem, vamos comemorar o trabalho!) Outro dia li uma frase numa camiseta que dizia que cultura enriquece, basta olhar a conta bancária dos donos das universidades. Estou adorando o curso, a galera parece muito bacana, cada dia conheço uma nova figura. Mas eu preciso de uma bolsa de estudo! Mandei um atestado de pobreza e não me deram nem um por cento de desconto.

Recebi no começo da semana o novo DVD dos Los Hermanos. Super fantástico, com um pequeno documentário chamado além do que se vê com cenas do sítio onde compuseram as canções do Ventura. Minhas horas livres foram dedicadas à apreciação deste documentário e do show.

Hoje assisti um filme que muito ouvi falar chamado Efeito Borboleta, baseado na teoria do caos, que diz que um simples bater de asas de uma borboleta aqui pode causar um tufão do outro lado do mundo. O roteiro é até interessante, o tema faz você pensar nos seus atos (se eu não tomasse tanta cerveja nos últimos anos, minha barriga seria menor hoje), mas eu achei o filme uma bosta.
Lembrando que De Caso Com O Acaso já passou há tempos e até inspirou o nacional Amores Possíveis que tratam do mesmo tema, logo nem foi original.
E sempre que me deparo com esta questão de cuidar do que você faz hoje porque pode e vai interferir no amanhã me vem à mente o Chico cantando aja duas vezes antes de pensar...

before sunrise
E mais uma vez começo bem minha semana. Se no último domingo fui dormir ouvindo Coltrane, neste vou dormir depois de assistir o belo Antes do Amanhecer.
Assisti com dez anos de atraso, mas tudo tem a sua hora certa, quero rever, quero conhecer Dylan Thomas, preciso voltar para a Europa, quero saber se o Antes do Pôr-do-Sol já tem aqui na locadora, nem ligo ou fico triste de ver um filme lindo assim com um casal que se dá bem e estar aqui sozinho, mesmo porque ultimamente estou precisando mais de um carro do que de alguém do meu lado, e achei muito bacana saber que o diretor deste filme, o Richard Stuart Linklater é o mesmo que fez Waking Life, filme filosófico de primeira qualidade e inclui os personagens Jesse e Celine.

E agora vou dormir antes que o galo comece a cantar.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?