Monday, May 29, 2006

fancy a pint?

Litros e litros de cerveja e vinho ingeridos neste final de semana me deixam um pouco abalado para começar a semana.
Enquanto o álcool deixa lentamente meu corpo, indico dois filmes:

O primeiro é Terra de Sonhos (In America) que loquei para rever. Uma família de Irlandeses encara uma nova vida em Nova Iorque e a história é contada pela visão de duas meninas. Lindo. O roteiro do filme foi escrito pelo diretor Jim Sheridan (Em Nome do Pai) ao lado de suas duas filhas.

O outro é com dois guris que se inspiram em filmes do velho oeste, se apelidam de Butch Cassidy e Sundance Kid e se aventuram por lindas paisagens da Irlanda. Eternos Heróis (Mickybo and Me) do diretor Terry Loane relata o país de 1970 na fantasia destes dois pequenos Irlandeses com um forte sotaque que eu adoro. Só achei que o final decepcionou, se for assistir novamente, vou desligar o dvd uns cinco minutos antes do final.

Hoje não quero pensar em beber, mas falar da Irlanda imediatamente me remete à Guinness.
Olha aí uma pint de Extra Cold Guinness fotografada por este que lhes escreve, no jardim do pub onde trabalhava. Delícia!


Friday, May 26, 2006

ando jururu

E pensar que eu passei todo
Esse tempo investindo no meu know how
E pensar que eu quase me danei
Apostando no meu background
Ando jururu
I know not what to do
Quero encontrar pelo caminho
Um cogumelo de zebu

E descansar os meus olhos no pasto
Descarregar esse mundo das costas
Eu só quero fazer parte
Do backing vocal
E cantar o tempo todo
Shooobedoodaudau...


Isto é Ando Jururu da querida Rita Lee, lançado no disco Atrás do Porto Tem Uma Cidade, de 1974. Primeiro disco dela depois que foi demitida dos Mutantes. Sim, é verdade, ela foi expulsa dos Mutantes. E a gravadora insistia que ela deveria seguir uma carreira solo, e esta canção diz muito o que era a jovem Rita, o que ela sentia e queria naquela época.

Neste retorno da banda, a imprensa divulgou que Rita não se juntou aos outros dinossauros por problemas com a agenda de shows. Eu não estranhei nem um pouco, sabendo que ela já declarou diversas vezes que odiava ouvir aquela voz que tinha na época dos Mutantes e depois das brigas e problemas com o Arnaldo Baptista (ex-marido e o cabeça da banda na época).

Enquanto aguardo pelo seu show aqui na city, ouço o retorno dos Mutantes gravado no show do Barbican em Londres.

Só um curto parênteses aqui: Conheci o lindo teatro do Barbican quando fui ver um show do Hermeto Pascoal com ingresso que ganhei da Embaixada do Brasil, quando trabalhava na MizzBrazil.

O Marcelo Costa está me passando vários links de discos e shows, e no post do dia 25/05 ele comenta de como não existe uma verdade única no jornalismo, comentando duas matérias sobre o show dos Mutantes.
Uma é do Thomas Pappon que eu achei um sonho e a outra é do Ronaldo Evangelista na Ilustrada.

Os parênteses são comuns nos meus posts, e aqui segue mais um.
Thomas Pappon trabalha na BBC e faz parte do Fellini, banda que eu conheci um pouco antes de viajar para Londres. Conheci conhecidos dele, mas não o conheci enquanto lá morava.
Já Ronaldo Evangelista escreve para Folha e visita Londres pela primeira vez, apesar de nunca ter sonhado conhecer a cidade. Ele tem um blog e conta com detalhes a sua estadia por lá. Vitrola.

Hoje eu vivo aqui na América
Vivo bem cantando mambo...
Eu te quero minha querida
Sem teus beijos não sou nada...

Wednesday, May 24, 2006

ando meio desligado

Você sabia que os Japoneses ganham um novo nome depois que morrem?
Como se tornassem um Deus, ou um Santo, ganham um novo nome.
Ontem teve uma cerimônia Japonesa no velório de minha vó. Eu preciso estudar ou desencanar de vez e achar normal entender só metade do que falam.
Cada dia mais entendo a importância de certas cerimônias como o enterro.

Os sentimentos ontem variavam entre tristeza, saudade, nostalgia e alívio.

Dei uma volta em São Bernardo do Campo, onde morei metade dos anos 90.
Chorei um monte e foi ótimo para lavar a alma.
Revi colegas da época em que fui office-boy na Caixa Federal.
Comi pizza com meus tios.
Joguei PlayStation com meu primo. Um jogo louco de corrida onde você precisa detonar todos os carros que aparecem na sua frente.

Eu: _Yuri, faz uns cinco anos que não te vejo, primo!
Yuri: _Metade da minha vida! E você ainda queria que eu lembrasse do teu nome. Humpft.


***


Quem vai ver a Rita Lee?
Ainda não comprei meu ingresso. Será que tem como ganhar um, hein?
Tá muito caro, bitcho.

Devo assistir o código da vinci logo, sim, eu li o livro também, mas não, não sou bitolado neste autor que tá ganhando uma fortuna com estes mais vendidos. E me divirto com os textos do Ivan Lessa no site da BBC. O código das vinte.

Eu chego para trabalhar antes do cara entregar o jornal. Acho que por isso ando com sono quando vou assistir a reprise do Re[corte] Cultural.

Você já visitou o Masp? Eu ainda não, mas espero que tenha luz quando visitá-lo. Falta energia para a arte.
Não é estranho ver a arte apagada no Brasil mesmo...

Logo mais tem mais, até.

Tuesday, May 23, 2006

um sonho e um adeus

Sonho foi ler a matéria do Thomas Pappon sobre o show de ontem dos Mutantes. Leia.

E o adeus é para minha pequenina e querida avó. Descanse em paz.
Vou para São Bernardo e volto à noite.

Monday, May 22, 2006

hoje é o primeiro dia do resto de sua vida

O título deste post é o nome do segundo disco solo da Rita Lee que contou com participação dos Mutantes.
Como devoto de Santa Rita de Sampa, devo garantir logo o meu ingresso para o seu show em Limeira no próximo sábado.
Hoje, em Londres, rola a apresentação dos Mutantes no Barbican com Zélia Duncan no vocal. Tropicália: A Revolution in Brazilian Culture.

Esta semana será dedicada aos Mutantes.

Sunday, May 21, 2006

stand by

fábiô,
sei que as coisas atropelam
que solapam
e desmantelam
o desespero bate à porta
e quebra e arrebenta
o caos instiga ao abandono
sei, sei, sei
e de tanto saber
sei que não tenho razão
mas se não existe porto seguro agora
haverá, haverá, haverá
naquilo que você quer buscar
boa fortuna, meu velho, boa fortuna
boa fortuna na tua sábia escolha
de lutar, de recuar ou avançar
em todas decisões,
em todos os momentos
de força exagerada e fraqueza excessiva
um abraço
e venha o que vier
como cantou milton nascimento
nós estamos aí,
sempre se encontrando,
neste finito sempre


Os amigos sempre me surpreendem. Seja por declarações carinhosas ou esporros escatológicos. Acima está um e-mail que recebi do Paulo Corrêa, amigo que já está guardado aqui dentro do coração.

Friday, May 12, 2006


ouro de tolo

Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros por mês

Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar um Corcel 73

Eu devia estar alegre e satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa

Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa

Eu devia estar contente
Por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado

Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto: e daí?
Eu tenho uma porção de coisas grandes
Pra conquistar, e eu não posso ficar aí parado

Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Pra ir com a família ao Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos

Ah! Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro, jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco

É você olhar no espelho
Se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano, ridículo, limitado
Que só usa dez por cento de sua cabeça animal

E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
Que está contribuindo com sua parte
Para o nosso belo quadro social

Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada cheia de dentes
Esperando a morte chegar

Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora de um disco voador

Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada cheia de dentes
Esperando a morte chegar

Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora de um disco voador.

Sunday, May 07, 2006

good news for people who love bad news

No news.

Some people say that no news is a good new.
Será?

Monday, May 01, 2006

sobre o tempo

Quem é o público do Pato Fu hoje?
Perguntei para os amigos que estavam comigo em direção ao Sesc Piracicaba. A gente não sabia. Mas pensando que já tiveram música até em novela, com uns sons mais pops, devem ser os adolescentes que costumamos ver em todos os shows do tal pop-rock.
Lembra quando ouvimos pela primeira vez o som dos caras?
Tínhamos 14 ou 15 anos quando os caras começaram, eu admirei muito as viagens musicais destes mineiros de BH e os conheci na mesma época em que comprei meu primeiro disco dos Mutantes.

Abre um parêntese aqui para a nostalgia:
Nesta época eu morava em São Bernardo do Campo, assistia MTV que ainda era um canal musical, fazia aulas de guitarra e produzia um fanzine que distribuia para os amigos.
Uma das edições era um especial sobre Pato Fu e Mutantes. Meu caro amigo Adriano me lembrou disso durante o show, e eu quase chorei. (risos) Este fanzine foi entregue para os brothers com uma fita cassete com gravações de trechos de um show do Pato Fu e algumas canções dos Mutantes intercaladas ali. A maioria dos amigos que liam o fanzine eram músicos (tá, eram só três ou quatro leitores) e uma das coisas que mais me orgulho na formação musical dos caras foi de ter lhes apresentado a banda de Rita, Arnaldo e Sérgio Dias.
Lembro também de escrever sobre o Nando Reis na época, pedindo atenção para o trabalho dele com Marisa Monte e Carlinhos Brown, e o cara nem tinha lançado o primeiro disco solo ainda...
Acho que eu ainda acreditava que manjava de música e isso me dava mais segurança para escrever e acertava em alguns aspectos.
Fecha o parêntese nostálgico.

Voltando ao Pato Fu.
Os caras começaram a carreira há 14 anos, com um disco independente chamado Rotomusic de Liquidificapum, que depois foi lançado pela gravadora Velas, bem experimental, com uma versão um tanto diferente de Sítio do Pica Pau Amarelo de Gilberto Gil, com a participação de 128 japs que era como John chamava a bateria eletrônica que ele programava, o disco vinha com o irreverente Hino Nacional do Pato Fu e neste lançamento estava claro que John era o frontman da banda.

Já em 1995, a banda caiu na graça da mídia e Fernanda Takai era considerada "a bela" da música daquela época, assinaram contrato com a gravadora BMG, lançaram o Gol de Quem? e conquistaram um espaço no cenário nacional, ganhando prêmios como o de Banda Revelação do 1º Video Music Brasil da MTV.

Comparações com os Mutantes surgiram aos baldes. Uma banda com três integrantes (John, Fernanda e o baixista Ricardo Koctus) que são engraçados, fazem versões completamente retardadas de clássicos como Ob-La-Di-Ob-La-Da dos Beatles, tem uma vocalista com a voz parecida com a de Rita Lee dos anos 60 e olha só, gravaram Qualquer Bobagem dos Mutantes. Sim, são os novos Mutantes! A grande mídia parece ter uma necessidade fodida de fazer comparações assim.

O que mudou para o Pato Fu agora que está em evidência na mídia? Perguntavam...
John dizia que a diferença que ele via no público dos shows do primeiro disco para o segundo era que antes tinham dez punks pulando na frente do palco, uns loucos dando mosh e trinta boyzinhos atrás só observando, e nos shows do segundo disco (disco este que já era vendido no Carrefour!) tinham cinquenta neguinhos pulando na frente do palco e cem playboys atrás só observando. O público estava crescendo.

Outro parêntese:
Uma revista chamda Trip College (filha da Trip) tinha uma página com lançamentos musicais, fizeram uma resenha tosca de Gol de Quem? com informações erradas, do tipo dizer que o autor de Vida de Operário era Falcão, o cantor engraçado do girassol. Não era. E também não é o do Rappa. Colocaram o nome errado da música dos Mutantes. Me irritei: como é que eu compro uma revista para me informar e as informações que me passam são erradas e nada novas?
Peguei meu caderno da escola e escrevi uma carta para a Trip fazendo as correções e dando novas informações sobre a banda. A carta saiu super editada ali em errata e me mandaram uns brindes para agradecer. Na época eu pensei em escrever prá eles pedindo um emprego. Não sei por que não o fiz. Eu era muito mais empolgado com tudo. E mesmo hoje acredito que eu realmente entendia de música nova naquela época. (risos)
Fecha parêntese.

Lançaram então o Tem Mas Acabou, com o sucesso Pinga, depois Televisão de Cachorro, Isopor, Ruído Rosa produzido em Londres e com direito a música na trilha sonora de uma novela global, MTV ao Vivo comemorando dez anos de carreira e agora o mais recente Toda Cura Para Todo Mal.
Mas aí esta história todos já sabem.

No show que assistimos em Piracicaba, eles tocaram muitas músicas do último disco que está lindo e algumas dos primeiros discos. Mas era engraçado reparar que só nós ali, os velhos que ainda curtem a banda, viajavam ali no meio da gurizada, e logo que terminaram de tocar a primeira música das antigas, Fernanda Takai vai ao microfone e diz: "Parece que o público aqui é bem jovem, né?"

Mesmo nas novas músicas, não vi tanta empolgação por parte dos que assistiam ali. O público vai mesmo só para ouvir os cinco hits e é isso? Depois parece que precisam "aturar" o resto do show.
Fui checar a comunidade do Pato Fu no orkut e tem um povo comentando que foi ao show, falando da alegria de vê-los ao vivo, de como conseguiram entrar no camarim e tirar fotos com os ídolos...
Acho bacana isso, eu já fui tiete, acho que ainda sou um pouco.
Mas... onde está aquela parte que nós tínhamos quando éramos jovens como estes guris, de buscar informações sobre a banda, aquela sede de conhecer tudo?
Será que basta conhecer o que todo mundo conhece?

Vi ali uma ótima apresentação, uma banda madura, tocaram os hits, mas fizeram os sons experimentais típicos deles, teve participação de um mini astronauta comandado por Fernanda Takai na música Simplicidade, o John falou com alegria do retorno dos Mutantes, contou da produção que fez do disco solo de Arnaldo Baptista... e ainda tocaram Vida Diet, que já foi postada aqui no blog umas três vezes.

Se as letras antigas que eram escritas por pessoas mais jovens, o público não conhece e as novas são escritas por pessoas um pouco mais velhas, que já são pais, falam sobre se acostumar com uma vida mais leve e não deve ter muito a ver com estes adolescentes, eu ainda quero entender: Quem é o público do Pato Fu hoje?

P.S.: Completei a coleção dos Mutantes ainda na década de noventa e ouvi os discos milhares de vezes.
P.S.2: Entrei de graça no show depois de uma conversa com o assessor de imprensa do Sesc. Durante o show discutia com o Adriano sobre o trabalho jornalístico enquanto observávamos um fotógrafo. Falei sobre a importância de conhecer o assunto para escrever sobre e queria que você pudesse ler este texto do Marcelo Costa que fala da Crítica da Música Pop. Clique e leia.

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