Monday, March 21, 2005

turma da pilantragem

Nem vem que não tem é uma música com um swing contagiante, uma letra para malandro nenhum botar defeito, e como diz Wilson Simonal: uma musiquinha para machucar os corações. Faz parte da trilha sonora do aclamado Cidade de Deus, filme que fez muito sucesso na Europa e justo em uma época que o Brasil estava muito na moda por lá. Talvez motivados por esta onda vinda do país tropical, uma grande loja de móveis e decoração resolveu ter nem vem que não tem em seu comercial.
Comentei isso uma vez na comunidade do Wilson Simonal no Orkut. E este final de semana recebi uma mensagem do filho de Carlos Imperial (autor da canção famosa na voz de Simonal) pedindo umas informações sobre este comercial, porque ele não soube de nada disso. Traduzindo: não recebeu os direitos autorais da música de seu pai. Passei as informações que tenho e ele vai investigar o caso.
Carlos Imperial lançou Elis Regina, apresentou Erasmo Carlos em seus programas dizendo que o público ainda ouviria falar muito dele, soube usar a polêmica e a mídia para divulgar seus "produtos", participou do início do rock 'n' roll em Copacabana, namorava meninas bem mais jovens que ele, e, junto com Wilson Simonal era o rei da pilantragem.
Espero que este caso do comercial se resolva e não fique como mais uma rasteira em um grande e bom pilantra. Afinal, se Imperial deixou esta herança musical para o mundo, deixou também os direitos para sua família.
Por que mais uma rasteira?
No final dos anos 60 e início dos anos 70,Wilson Simonal desfrutava de seu sucesso e era um dos artistas mais populares e bem pagos do Brasil. Até que em 1972 foi acusado pelo Pasquim de dedo-duro, dizendo que tinha envolvimento com o Serviço Nacional de Informação (SNI). Sua carreira de sucesso desmoronou. Até hoje não se tem provas de seu envolvimento com o SNI. Por que teria a imprensa o acusado injustamente sem ter provas? Quantas outras obras poderíamos ter se essa injustiça não tivesse sido cometida por jornalistas que faltaram com a ética, publicando o que não era certo?
Impediram que ele continuasse no auge do sucesso, mas não conseguiram e nem nunca vão conseguir calar este grande figura enquanto as pessoas tocarem seus discos por aí.

E vamos voltar à malandragem!

Nem vem que não tem
Nem vem de garfo que hoje é dia de sopa
Esquenta o ferro, passa minha roupa
Eu nesse embalo vou botar pra quebrar
Sacudim, sacundá, sacundim, gundim, gundá!

Nem vem que não tem
Nem vem de escada que o incêndio é no porão
Tira o tamanco, tem sinteco no chão
Eu nesse embalo vou botar pra quebrar
Sacudim, sacundá, sacundim, gundim, gundá!

Nem vem, numa casa de cabloco, já disseram
Um é pouco, dois é bom, três é demais!
Nem vem, guarda seu lugar na fila
Todo homem que vacila, a mulher passa pra trás!

Nem vem que não tem
Pra virar cinza minha brasa demora!
Micho meu papo, mas já vamos’imbora!
Eu nesse embalo vou botar pra quebrar
Sacudim, sacundá, sacundim, gundim, gundá!

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