Saturday, December 23, 2006

sampa rock city

São Paulo é foda.
Mas desta vez eu fiquei praticamente só ali na Avenida Paulista.

Cheguei, joguei a mochila na cama do hotel e corri para o Belas Artes para assistir uma belíssima comédia chamada Little Miss Sunshine. Corri porque não queria perder o começo do filme, como costumo fazer por estar sempre atrasado. Já na sala do cinema, antes do filme começar, me desesperei ao ver na programação que lá estava passando o 2046 que há tempos quero ver, mas não sabia se teria tempo para assistir.
O filme que vi valeu muito a correria, há tempos não gargalhava em uma sala de cinema. Teve gente dando tapas nas pernas e segurando a barriga ao rir no final de Little Miss Sunshine. É engraçado e lindo!

Comprei uma água e fui caminhando até o Sesc da Paulista. É uma boa caminhada mas prazerosa, porque além de gostar de caminhar, este que lhes escreve gosta daquela avenida.
Fui comprar meu ingresso para o show do Nei Lisboa, que foi o principal motivo da minha ida para Sampa. Soube do show através de um e-mail que recebi da cantora carioca Simone Capeto. Ela faria uma participação lá.

(Vamos abrir o famoso parêntese aqui)
A Simone Capeto gravou um disco chamado Bom Futuro só com canções do grande compositor gaúcho. Depois de ler uma resenha do Marcelo Costa, resolvi escrever para a cantora e encomendar o CD. Ela me mandou de presente. Adoro presentes e ainda mais discos lindos como o dela.

Nei Lisboa eu conheci em Londres. Quero dizer, conheci apenas uma pequena parte da grande obra deste compositor.
Quando morava com umas baianas queridas e um gaúcho que é um grande figura, ainda não tinha grana suficiente para comprar discos, não tínhamos computador em casa, e tudo o que rolava no flat recém alugado era o Cena Beatnik do Nei Lisboa e o Ventura dos Los Hermanos.
O bom leitor já deve conhecer a minha frustração de quando percebo que não conheço o artista que já está ativo e com bons trabalhos há tempos, né? Pois aconteceu isso com Nei Lisboa.
Os amigos gaúchos me acalmaram dizendo que ele era realmente muito mais conhecido no sul e pouco falado nas outras capitais. Mas eu curti um monte e cada novo magrão (como eles costumam chamar o "cara" lá no sul) que eu conhecia, me mostrava algum "novo" som do Nei Lisboa e também do Vitor Ramil. Achei o magrão tri-bom e não parei mais de ouvir.
(Fecha o famoso parêntese)

Voltei pro hotel. O show seria no Sesc Vila Mariana. Deu tempo de tomar um banho e fazer um lanche rápido.

O Sesc é extremamente organizado. Logo que entrei na sala ao lado do auditório, já vi o Nei Lisboa ali esperando para ser chamado, fui entrar e a moça pediu para esperar porque o show já ia começar e não podíamos atrapalhar. Ela aguardou formar uma fila e foi pedindo para o povo entrar com calma, em grupos. (Eu não sou escoteiro, mas este é o preço que se paga por chegar atrasado)
Logo no início, ele falou que o avisaram que tinha horário certo para encerrar o show. Ele tirou uma onda com esta organização, dizendo que só podia ser coisa de paulista. As canções rolaram numa boa com o Nei Lisboa trio. Várias do Cena Beatnik foram tocadas, algumas que eu conhecia do Bom Futuro, aí ele convidou Simone Capeto para o palco e tocou mais do Bom Futuro, depois mandou outras do Relógios do Sol (disco que foi lançado quando eu já conhecia o trabalho dele) e tocou também músicas do Translucidação, o novo disco. Foi jóia.
O novo disco que estava à venda ali no local e que esgotou. E eu, vacilão, fiquei sem.

Cumprimentei Simone, que para minha feliz surpresa disse: Oi, Fábio. Que bom que você veio! Encontrei com o Mário Bortolotto (que há pouco tempo bateu um papo no mesmo Sesc com Nei Lisboa no projeto Na Ponta Da Língua, onde a pauta era discutir a relação entre música e literatura) que muito gente boa que é, me convidou para uma cerveja com seus brothers, mas eu, com a garganta ainda fodida, resolvi ficar de boa no hotel tomando algo quente. Ganhei um autógrafo displicente do Nei Lisboa que estava um pouco incomodado com um cara que o perturbava, mas pude apertar a mão do cara que escreveu várias belas canções, mas que infelizmente acaba sendo conhecido por canções como Pra Te Lembrar, na voz de Caetano, gravada para o filme Meu Tio Matou Um Cara.
Quero dizer, ele é muito bom, mas para uma caralhada de gente, Nei Lisboa pode parecer apenas o cara que teve uma canção gravada pelo Caetano.

No hotel dormi com a TV ligada como abajour.

(to be continued...)

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