Tuesday, January 22, 2008

if you're gonna try, go all the way

Algumas pessoas nunca enlouquecem.
Que vida de merda elas devem ter.

[charles bukowski]

Tem certas pessoas que nascem com um talento para ser o que são e não dar a mínima para o que os outros falam ou pensam. É, eu acho que isso é talento, sim.
O que? Como eu não sou eu mesmo!? Podem perguntar.
Você é você? [risos] Ou você é aquilo em que te transformaram? Você gosta do teu trabalho? Faz o que gosta? Liga o foda-se toda vez que te enchem o saco? Abre mão de uma nova oportunidade de trabalho prá ir beber no bar mais próximo? E depois de persistir em ser você mesmo percebe que consegue ser valorizado por isso?
Alguém aí pode responder quem consegue ser o que quer ser em tempo integral?
Henry Chinaski, ou melhor, Henry Charles Bukowski deve ter conseguido.

Depois de ter visto no ano passado Crônica de um Amor Louco (1981), do diretor italiano Marco Ferreri, finalmente assisti dois outros filmes fodidos sobre a vida do velho safado Charles Bukowski.

Barfly foi escrito pelo próprio poeta à pedido do diretor do filme, o iraniano Barbet Schroeder. E à partir deste filme surgiu Hollywood, livro em que o velho safado descreve a experiência de ter feito este argumento. Barfly é de 1987 e tem Mickey Rourke interpretando Chinaski.

Factotum, dirigido pelo norueguês Bent Hamer, tem Matt Dillon como Chinaski e é um filme de 2005 que foi apresentado aqui no Brasil na Mostra Internacional de Cinema de Sampa. Este tem um subtítulo: Factotum - homem de muitos trabalhos.

Pelas obras um tanto autobiográficas deste cara que sabia conviver com a ressaca, juntando com estes filmes, vejo como o velho safado (que tinha Henry Chinaski como seu alter ego) curtiu a vida. Enlouquecendo? Talvez. Mas indo fundo naquilo que ele gostava: no amor pelas mulheres, no sexo com as putas, nas apostas que fazia nos cavalos, e claro, nas bebedeiras intermináveis.
Trabalhar também era parte de sua vida, como vemos em Factotum, onde ele fez vários trabalhos mesmo não conseguindo permanecer mais que uma semana em um só lugar. Mas trabalhar escrevendo o que vivia e mandar isso por correspondência para os jornais e revistas foi o seu grande ponto, por deixar este legado à nós, meros mortais que tentam ter uma vida que querem.

Estes caras são fodas porque eles realmente se entregavam à isso. Não consigo não ligar On The Road [kerouac] e Pergunte ao Pó [fante], por exemplo, às imagens vistas nestes bares e quartos sujos por onde Chinaski perambolava e escrevia.
No túmulo de Charles Bukowski tem o epitáfio: Don't Try. E acho que é isso. Se não quer se entregar totalmente à esta vida, nem tente. Continue não sendo você.

jogue os dados

se vai tentar
então vá em frente
senão nem vale a pena começar.

se vai tentar
então vá em frente.
isso pode significar
perder namoradas, esposas, família, trabalhos
e talvez a tua cabeça.

vá em frente.
também pode significar
não comer por três ou quatro dias,
congelar-se num banco do parque,
ir para a prisão;
pode significar gozação, escárnio, solidão.
solidão é o presente.
todo o resto é um teste
à tua resistência
para saber o quanto deseja viver.
e você fará
apesar de todas as rejeições
e será melhor
que qualquer coisa
que você possa imaginar.

se vai tentar,
então vá em frente
não há sensação
melhor que esta.
ficará sozinho com os deuses
e todas as noites irão te aquecer
com o seu fogo

faça, faça, faça.
e vá fundo.

e seguirás o teu caminho
no mais perfeito gozo
e esta é a única luta
que vale a pena.


[bukowski, charles 1920 - 1994]

Olhem o Bono declamando o poema acima:


Abro dois parênteses aqui:

O prazer que tive em assistir estes filmes foi graças à cortesia e brodagem da grande Karina Lacerda. Muito obrigado!

Para Mara, que foi a maior responsável por me introduzir à esta boa leitura.

Fecho parênteses.

Comments:
Uau!
Lembro-me muito bem qdo bati os olhos em vc na sala de aula e pensei: esse cara tem que conhecer o velho safado, bingo!
Ornella Mutti arrasa, simplesmente arrasa em "Crônicas"não?!?
Barfly sem comentários, Factotum ainda não vi, vc sabe se tem em DVD aqui em Biju City???
Agora pra ser "Bukowisk"tem que pagar um preço né?!?Tipo não pode ter medo da solidão, ou melhor de estar só, de dias chuvosos, de geladeira vazia, ossos doendo e por aí vai...
De repente lembrei de Chiquinha Gonzaga,mêu acho que ele foi um Bukowiski de saias... viagens de mara.
Beijos
 
be my guest, any time!

preciso ver o crônicas de um amor louco... onde eu acho???
 
bom, eu acho foda esses caras que fazem o que ninguém mais quer fazer. É bonito mesmo e é intenso.
Eu vou ficar aqui em casa comendo a comidinha de mamãe que é um troço assim dos céus...rs.
Não vou tentar, não...
Deus me livre....rs.
he he he!
 
Ah, eu também tô aqui bem na minha. Relendo o post, vejo que tá bem ingênuo, né não?
Mas o velho safado é foda prá caralho.
 
Ah eu só assisti Factotum, não consegui gostar mto. No livro eu quase surto com o que ele diz, o modo como ele descreve essa ou aquela puta e o lance de vomitar e continuar bebendo. Qdo vi o filme achei td mto sutil, sei lá, eu queria algo mais intenso. Não sei se eu esperava demais.

O que mais gostei msm foi desse poema que é declamado enquanto uma garota faz strip-tease pra ele. Achei o auge! haha
 
Pois é, Dre. A Karina já me enviou os DVD's dizendo que Barfly era muito bom, mas que Factotum deixava a desejar. Eu gostei porque ainda não li o livro.

Karina, o Crônica de um Amor Louco deve ter na 2001. Aqui, eu vi uma exibição no Sesc.

Mara, eu te empresto o DVD depois.
 
não acho que esteja ingênuo. A onda é essa mesmo...
 
bonito... bonito...

hey man... e serra negra? alguma novidade? vai fazer o q no carnaval?

forte abço:o)-
 
Cara, eu não acho que Factotum deixe a desejar, acho um filmaço, o Matt Dillon tá perfeito! E eu peguei um pro Paulo F na Blockbuster, que tá vendendo os pré-vistos por 12,90. O Cronica vale pela cena da Ornella Mutti, e eu achei na 2001.
 
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