Thursday, April 24, 2008

mobilização pelo sesc

Caros amigos e parceiros do SESC:

Gostaria de compartilhar com todos vocês o risco a que o SESC está exposto neste momento. Talvez já tenham tomado conhecimento pela imprensa: o governo federal lançou medidas para melhoria da formação técnica dos jovens brasileiros que, do modo como estão sendo propostas, por mais bem intencionadas que sejam, constituem ameaça de uma intervenção do Estado em uma entidade privada.

O projeto, em resumo, pretende rever a distribuição dos recursos do impropriamente chamado Sistema S. Determina que boa parte da arrecadação dessas entidades seja remanejada para um novo Fundo destinado à formação técnica. O fato, porém, é que as entidades do chamado Sistema S são em si resultado de Fundos já criados, lá nos anos 40, em parte, com a mesma finalidade.

O remanejamento dos recursos desses Fundos para outro novo Fundo implicará na restrição drástica da diversidade e do alcance da reconhecida ação do SESC, em prejuízo da educação permanente promovida diariamente a seus milhares de freqüentadores assíduos.

Diante desse quadro, sinto que é meu dever dirigir-me uma vez mais a vocês, sobretudo porque estou seguro do valor desta instituição.

A melhor maneira de conferir o significado de sua ação é vivenciar o dia-a-dia nas unidades (atualmente são 31, somente no Estado de São Paulo); ouvir o relato dos freqüentadores sobre a importância do SESC em suas vidas e para suas famílias; estar e usar os equipamentos e instalações de primeira qualidade, abertos a todos os estratos sociais, e participar das inúmeras atividades que abrangem um amplo arco de interesses e necessidades, reunindo um público extremamente diversificado.

Acredito que todos vocês já tiveram essa oportunidade. São, portanto, testemunhas da natureza beneficamente eficaz, engajadamente eficiente e profundamente educativa do trabalho que o SESC desenvolve há mais de 61 anos. Esse patrimônio não pode ser sacrificado no altar de prioridades transitórias, em nome das quais se engendra um prejuízo incalculável ao país.

Tornar a Educação meramente técnica, burocrática e pragmática, dissociando-a do universo simbólico, subjetivo, crítico e criativo, cerne da Ação Cultural, é um evidente retrocesso, fruto de visão flagrantemente obscurantista.

Certo de que compreenderão a gravidade dessa perspectiva, escrevo a vocês, formadores de opinião, representantes de classes, artistas, pensadores, amigos e parceiros do SESC para que se manifestem, pelos meios ao seu alcance, em prol da continuidade de nosso trabalho. Um projeto que, afinal, construímos juntos.


Danilo Miranda

Comments:
O patronato começa a se arder. O cidadão que se arvora em ser arauto do sistema S omite informações importantes sobre a forma de gerir R$ 4,8 bilhões que são dados de mãos beijadas pelo governo ao patronato. É, esse pessoal que se juntou nos idos de 1940 e, desde então mandam no dinheiro público sem permitir ingerência da parte mais interessada: o trabalhador. Eles sabem que falta transparência na aplicação do dinheiro, que não existem critérios para atendimento, que a prioridade é para cursos rofissionalizantes de curta duração e que os cursos não são orientados à gratuidade. O simples debate desta questão já mobilizou a tropa de choque do patronato. Este assunto merece um artigo no Banzeiro. Agradeço ao Fábio por trazer à tona a possibilidade de um debate democrático a aplicação de verbas do governo por confederações que faturam bastante em cima do trabalhador, mas o alijam do processo de gerenciamento das entidades. Um abraço Fábio.
 
Fá, o buraco é bem mais embaixo do que parece... O dinheiro que mantem o Sistema S vem do contribuinte, apesar de não ser tratado como dinheiro público.
E, como ex-funcionária de um dos S, eu te digo: não é isso que acontece em alguns deles, os recursos não são bem geridos e o que retorna às areas contribuintes é muito pouco perto do montante arrecadado!
Mas não acho que esta discussão de redistribuição represente muito risco especificamente para o Sesc, não, porque o comércio é uma categoria muito ampla e terá seus defensores...

De qualquer forma, o que REALMENTE ameaça a existência do Sesc )(e do Sistema S como um todo) é o Simples e o Supersimples. Isto sim compromete arrecadação, e aí a discussão toda recomeça de outro ponto de vista...
 
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