Sunday, July 06, 2008

o todo se dignifica quando a vida é líquida

"A vida é crua. Faminta como o bico dos corvos.
E pode ser tão generosa e mítica: arroio, lágrima
Olho d’água, bebida. A vida é líquida."


[alcoólicas da poeta hilda hilst]

A Flip acabou, e eu mal vi os debates que rolaram ao vivo. Mas acompanhei alguns blogs, o da própria festa, o blog do Tas e ouvi comentários ao vivo e face to face do Biajoni, que acompanhou algumas mesas, não em Paraty, mas confortavelmente no aconchego do seu lar, tomando um conhaque na companhia do Paulo Corrêa ou um vinho branco frisante que provei ontem por lá.

Eu dei uma rápida passada na casa do Biajoni para pegar o meu autógrafo no Sexo Anal. Pode parecer estranho pegar autógrafo de amigo, mas eu sou um cara visionário, e penso que quando ele estiver morando na França e só vier ao Brasil para participar da Flip, eu faço um leilão do livro autografado e ganho um dinheirão.
O Branco Leone já brinca de outra maneira, dizendo que quem comprar o livro dele ganha um autógrafo sem custos adicionais e a dedicatória ainda finge intimidade com o leitor.
Eu pedi um pacote com o Sexo Anal, do Bia (se é que você me entende) e o Incompletos, do Branco. Mas ele não autografou. Só perdoei porque o Branco sempre me manda fotos de bundas interessantes por e-mail.

Onde estávamos mesmo? No vinho frisante. Sim. Na bebida. Eu tomei apenas uma taça. Uma delícia. Não guardei o nome. Uma outra vez eu conheci o Casal Mendes, um vinho verde que o Bia adotou como favorito dos últimos tempos. Mas o importante é notar o detalhe: tomei apenas uma taça.

Na sexta eu tinha encontrado outros amigos que também estranharam não a minha cara de pau de não ter levado bebida para o encontro, mas sim o fato de eu tomar só alguns copos de cerveja. Eu não sei o que há. É a lei seca e a pressão do meu velho em relação à bebida. Sei lá. Ou é o fígado que já não é mais o mesmo e me fode no dia seguinte.

Dentre os comentários do Biajoni sobre os debates, ele lembrou de Richard Price agradecendo por terem lhe apresentado a cachaça:

"I just want to thank people from Paraty for putting cachaça in my life. Never have I known that a headache could be so rich and complex..." Assista.

E aí, depois da mesa de Price e Gaiman, o segundo passou horas autografando seus livros, assistiu o papo do Tom Stoppard e quando foi jantar com seu editor brasileiro serviram uma caipirinha de maracujá. Ele descreve o efeito inesperado que teve do grande copo da bebida:

"I went to dinner with one of my Brazilian publishers. I hadn't really eaten since breakfast over twelve hours earlier, and discovered that when you are given a very large passionfruit caipirinha after a five and a half hour signing and on an empty stomach, you know it's working because your feet go numb. Possibly they simply went away. Luckily, my feet returned before I had to walk back to the hotel, but it was extremely odd." Leia.

E é engraçado, que por mais que a gente saiba dos resultados - porque é irônico as pessoas beberem e acharem que não terá nenhum estrago no dia seguinte, não é? seja uma dor de cabeça rica e complexa do Price ou os pés entorpecidos do Gaiman - a gente sempre bebe e ainda pede mais uma dose no final da noite.

Ontem eu tive o privilégio de estar na abertura oficial da competição do I Festival Paulínia de Cinema. Fui prá lá a convite dos brothers do Nada Audiovisual.
Depois da cerimônia e da apresentação do filme, rolou um coquetel regado à champagne, salgados e Primus servida por uma bela morena com um sorriso estampado no rosto a cada lata que abria para encher a minha taça. A noite foi muito boa. Não resisti. Bebi mais do que deveria.
Pretendo descrever o festival amanhã. Mas já adianto que estar ontem à noite lá foi tão bom quanto ter ido na Flip no ano passado. Puta evento legal!

Dormi. Mas pareceu um piscar de olhos.

Acordei com um telefonema do Adriano, meu brother de infância, dizendo que queria trocar umas idéias comigo. Mas eu ainda estava em Paulínia, mais precisamente na ilha de edição de som da produtora, que é uma sala escura e aconchegante. Abri a porta e o sol socou a minha cara. Lavei o rosto, calcei minha nova bota, deixei um bilhete para os brothers e saí de lá com o sol de meio dia me incriminando. Parece que ele sabe tudo o que você fez na noite anterior, mesmo tendo estado do outro lado do mundo. Voltei meio lento, com duas paradas estratégicas em postos de beira de estrada para vomitar. É foda, eu já não seguro mais a onda. Por que é que a gente precisa sair dos vinte anos? A cada parada me lembrava de Cazuza cantando que o banheiro é a igreja de todos os bêbados.

Cheguei em Limeira e fui direto prá casa do Adriano. Eu estava podre, com o cabelo sujo, então sugeri algum lugar onde não teria muita gente. Já era tarde, aí optei por um restaurante fora do centro. Adentramos o restaurante e de cara encontramos o irmão do Adriano e a namorada, aí procuramos uma mesa e vejo o Bia, a Karen (que agora está com cabelo de japa, diferente do meu, que era cabelo sujo de japa), a Lia e o Dudu. Engraçado isso, que a gente tinha combinado de almoçarmos juntos hoje, mas como eu fiquei em Paulínia o almoço junto tinha meio que sido desmarcado, mas aí rolou, mesmo descombinando. É a arte do encontro, boas obras do acaso.
O Bia me contou um pouco mais de outras mesas da Flip, mas não deixou de me tirar ao ver uma garrafinha de Coca-Cola na minha frente.
Almocei e fiquei bem. Já estou pronto para outras doses.

Por que que a gente é assim?

Comments:
mais uma dose e claro q eu to afim!! adoro isso!!
como assim vc foi e a Camis??? pqp viu!! n e justo isso
 
Shiraga, estou com saudade de você, do Bia, do Paulo e do André.
 
FALA SHIRAGA, TUDO BOM?

TAVA FUCANDO PELA NET E DEI UMA PASSADA AQUI NO SEU BLOG...
A GENTE PRECISA COMBINAR DE TOMAR UMAS CACHACAS HEIN....

VIU, C GOSTA DO BEZERRA DA SILVA?

OUTRA COISA, C JA LEU O NOTAS DO SUBSOLO DO DOSTOIEVSKI?

BOM, SE CUIDA AE, A GENTE SE FALA..




ABRACO PROC
 
Fábio, e você perdeu um showzaço de Marina De La Riva no sábado, no Teatro Vitória!
Meu: impressionante e uma aula pra quem gosta da boa música!

abraços!
 
Não acredito que não autografei seu exemplar do Incompletos. Você tem certeza? Viu em todas as páginas? Que coisa...
 
que saudade do povo dessa cidade quando leio uns textos como esse. ai esses vinhos do meu pai fazem história no aniversário da lia foi a mesma coisa todos só no vinho. eu também acabei vendo a flip pelo youtube mas fui recompensada vendo uma entrevista do gainman na globonews. semana que vem eu chego aí e se não nos vermos eu desisto desse mundo real e ficamos só pela internet mesmo. beijones
 
Post a Comment



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?