Sunday, August 17, 2008

how soon is now?

Oi. Tudo bem?
Desculpe-me caso você tenha vindo aqui algumas vezes e não encontrou atualização.
Não que você tenha sofrido com isso, eu sei que não, mas eu me desculpo porque não quero perder a tua visita. Escrever aqui me faz bem e saber que tem alguém que lê, também me ajuda a escrever, e isso me faz bem, conforme eu escrevi no início desta sentença. Mas vamos para outro parágrafo para contar um pouco da minha vida ordinária para quem aqui passa e lê meus posts, que tão bem me fazem.

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miss sarajevo

Eu não vivo em um país em guerra, mas vivo em conflito comigo mesmo, e ouvir os relatos de uma bósnia que escreveu um diário durante a guerra, aos onze anos, me fez entender melhor como é bom ter um espaço onde você possa expor e dividir suas idéias, principalmente se este ato possa te ajudar a sair do conflito em que vive.
Não estou dizendo que o fato de eu querer uma vida melhor no interior de São Paulo é mais grave que a guerra da Bósnia. No entanto, só quem sente o problema na própria pele, pode descrever a gravidade do sofrimento.
Zlata Filipović, uma linda jovem de vinte e sete anos, estava presente na Bienal do Livro, ontem, divulgando o Stolen Voices, livro editado por ela e por Melanie Challenger com diários de guerra de catorze jovens que sofreram com as guerras do mundo.
Hoje ela sai de São Paulo e volta para sua terra natal, Sarajevo, onde vai rever os amigos, matar a saudade de parentes e dormir no seu velho quarto vermelho. Zlata mora na Irlanda há mais de dez anos, não se considera uma escritora, luta por um mundo melhor e deseja ter uma vida feliz.

"Amor, eu não consigo mais rezar de forma alguma
E eu não consigo mais acreditar no amor de forma alguma
E eu não consigo mais esperar pelo amor de forma alguma."


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gafe na bienal do livro

Um dos eventos paralelos que rolam na Bienal do Livro é o Salão de Idéias Volkswagen. Foi lá que vi e com muito esforço ouvi Zlata contando sua história. Não tive problemas em entender o bom inglês com um leve sotaque irlandês dela, mas a interferência e as falhas no microfone impediam ouví-la claramente; o som que vinha de fora do salão era estrondoso, muitas vezes ela pedia para as pessoas repetirem as perguntas porque não conseguia ouvir o que estava sendo dito. Mas esta falha não foi a mais grave.
A gafe deste salão foi no debate chamado de Páginas da Sétima Arte com a presença de Guillermo Arriaga, Marcos Jorge, Lusa Silvestre e Marcelo Rubens Paiva.
A questão do som foi rapidamente resolvida por Paiva que pediu para aumentar o volume do microfone, porque ia ter que competir com o Djavan (ao lado do salão tinha um barzinho onde um músico tocava as canções do compositor de Maceió). Volume dos microfones no talo, tudo certo, ouvíamos claramente o autor do clássico Feliz Ano Velho. Mas ninguém o enxergava! Esqueceram de montar um palco com acesso para cadeirantes. Justo no dia em que sua coluna no Caderno 2 fala para o senhor prefeito de São Paulo sobre os táxis adaptados para deficientes físicos.
Ironicamente bem humorado com a situação, fez uma enquete perguntando quem queria vê-lo no palco. "Já que a Bienal é incompetente, vou pedir para me levantarem até o palco", disse Paiva, e logo depois dois seguranças o levantaram na própria cadeira e o colocaram no palco, enquanto os organizadores colocavam as cadeiras dos outros convidados de volta ao palco.

Marcelo Rubens Paiva (repórter) - Mas você paga ingressos das peças a que assiste?
Marcelo Rubens Paiva (escritor) - Não. Mas eu levo a minha própria cadeira e ocupo um lugar no corredor.

Marcelo Rubens Paiva entrevista Marcelo Rubens Paiva aqui.

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adolescente retardado

Comecei a ler muito tarde, eu já falei isso para vocês. Ainda não estou no melhor ritmo de leitura, mas posso dizer que tirei o atraso de pelo menos um dos autores que eu deveria ter lido na adolescência e só fui ler depois dos vinte e poucos anos. Me lembro de ter lido Feliz Ano Velho, Blecaute e Bala na Agulha em uma só tacada. Sim, Marcelo Rubens Paiva foi uma figura marcante para mim quando estava com vinte e cinco anos. E confesso que vê-lo pela primeira vez ao vivo, me emocionou. ;-) Sem contar que eu era fissurado no Fanzine, o programa que ele apresentava na TV Cultura com a participação da grande Banda Fanzine, com grandes figuras como o Maurício Pereira.

O debate sobre literatura e cinema? Sinceramente? Me deu sono. O discurso do mexicano Guillermo Arriaga sobre roteirista ser escritor já cansou. Mas eu pretendo voltar aqui para falar só sobre isso outra hora. Ou não.

E agora, me redimindo com meus amigos intelectuais, iniciei a leitura de Crime e Castigo, do Fiodór. Espero que eu possa voltar a ter um espaço na mesa em que me sentava com os amigos antes de ser expulso por não ter lido nada do escritor russo.
O problema bom é que eu comprei o Hotel Atlântico, do João Gilberto Noll, e a leitura tá fluindo muito mais rápida do que a história de Raskolnikov.

Para relaxar e ainda mantendo uma tradição de adolescente retardado, olha o que a bebida faz com as pessoas [risos]:

essa merda não toca!


Observação: nos créditos finais, faltou mencionar que o figurino (chapéus) foi confeccionado pela Dani.

Aquele abraço e obrigado pela visita. ;-)

Comments:
Shira,
eu amo este blog.
Bj
 
São os seus olhos, Círia.
 
quis ver o vídeo, mas não aguento nem a voz nem as caras q ele faz quando canta.
 
Finalmente você tá lendo o cara. Não me refiro ao reacionário Dostoiévski (também escritor genial), mas ao dínamo da literatura marginal brasileira, João G. Noll. Congratulações pelo excelente post, tu és uma cabeça pensante em constante movimento.
 
Quem é Fiodor, Shiraga?
 
aê, bem vindo de volta!
um dos meus flatmates de londres é sérvio e às vezes quando trocávamos idéias ele mencionava coisas do gênero "quando bombardeavam o meu bairro..." e esse era um pensamento que eu não conseguia nem acessar. bizarro.
sobre Crime e Castigo, eu levei dois meses pra ler e passava mal - enjôo mesmo - cada vez que sentava pra ler. não sei o que é mas que o livro tem poder, ahhh tem!
e sobre seu videozinho, hilário, eu tenho feito uns videozinhos daqui pros amigos verem o que rola na minha vida e me divirto!
 
Cris, meu velho, se não fosse por você, eu não teria procurado João Gilberto Noll! Valeu mesmo!

Luís, Fiodór é como uma amiga minha chama intimamente o Dostoiévski. Eu gostei da idéia e passei a chamá-lo assim também, apesar de não ter a mesma intimidade. Ou melhor, intimidade alguma. Mas o que eu posso dizer é que nas primeiras páginas de Crime e Castigo, eu me lembrei do personagem do Rato. Sério.
"Rato" é o segundo romance do Capucho, minha gente!

Amanda, esta realidade dos jovens que presenciam a guerra é tão absurda prá gente aqui e por este motivo acho que este choque nesta troca de cultura é necessário.

J., eu não sou fã do Bongo Vox, mas é que eu gosto desta canção e deste vídeo e foi o que mais tinha a ver com o post, por isso. Tudo bem contigo?

Pipou, esta semana estarei mais de boa para postar, portanto, voltem sempre! ;-)
 
sabe que ainda não li ele. mas procurarei saber quem é. sempre é bom estar no now where ;)
 
que máximo, lembrar do Rato nas evoluções do Raskolnikov!
 
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