Tuesday, May 26, 2009

whatever happened i apologize

Necrofilia não é comigo. Eu conheço um montão de gente que passa a cultuar um artista só depois que este morre. Nunca mais ouvi um disco inteiro da Cássia Eller. Lembro que recebi vários e-mails e ligações de amigos me dando os pêsames durante semanas depois da morte dela. Ela morreu no mês de dezembro e eu já nem lembro o ano, mas eu tava em Caraguá com o Fabião, curtindo a minha vida de vagabundo. Quando o Renato Russo morreu eu morava no Japão, o disco Tempestade chegou para mim na mesma época da morte dele. Eu tinha umas nuvens negras sobre minha cabeça e fiquei ouvindo o disco no repeat por dias, mas nem era pela morte de um dos últimos figuras que cultuei, era mais pelo meu espírito que estava combinando com aquele trabalho sombrio da Legião Urbana. Hoje eu não acredito em mais ninguém. Eu falo de John Lennon, mas estou longe de ser um grande fã dele. Gosto de Wilco e admiro um monte o front man Jeff Tweedy, mas não leio nem um terço do que aparece sobre ele na mídia. Hoje eu só ouço e sinto. O Zé Rodrix se foi, eu não tenho nada a declarar e nem tenho vontade de ouvir disco nenhum dele. Tem um disco do Sá e Guarabyra perdido por aí na coleção, mas não faço questão de ouvir, não. Mas tem uma morte que me deixou um tanto chocado. Fiquei surpreso porque ele estava bem vivo aqui para mim nas últimas semanas. Primeiro porque ele estava processando a ex-banda e pedindo cinquenta mil dólares de indenização por danos morais e direitos pelo trabalho com a banda. Depois porque ele tinha acabado de lançar um disco que está no meu pen drive que carrego para todo lado. E agora me arrepia ler o nome do disco, que em português fica: "Seja lá o que aconteceu eu me desculpo". Jay Bennett era um grande músico, e apesar das dores de cabeça que ele deu à Jeff Tweedy nas gravações de Yankee Hotel Foxtrot, o último disco do Wilco que participou antes de ser demitido, sempre achei que ele era parte fundamental da banda. Tem um site que escreveu 21 motivos porque Bennett deveria voltar à banda (aqui). E eu concordo com vários deles. Um dos motivos dados é que "My Darling - a canção mais bonita de Summerteeth foi inteiramente composta por Bennett". Summerteeth foi o primeiro disco que ouvi do Wilco. E esta canção foi uma das que mais ouvi do disco. E na mesma época em que a banda de Chicago disponibilizava o disco novo no site, Jay Bennett também lançava seu disco solo. Uma das últimas coisas que li sobre ele foi há poucos dias. Ele falava de uns vinis raros que ele vendeu para fazer uma cirurgia, parece que tinha detonado o joelho e precisava de grana para operar. Segundo amigos mais íntimos, Jay morreu dormindo. Todo o meu respeito. Sem este culto aos cadáveres.


Comments:
Eu gosto de ouvir os que já se foram. Muito mais por uma questão de idade, por eu ter nascido no final da década de 80. Tipo, ouvir Marvin Gaye (que eu adoro).
 
Também detesto esse negócio de necrofilia. O Pato Fu tem uma música legal sobre isso. Mas com o Renato Russo foi foda. Comprei "A Tempestade" no dia do lançamento. Fiquei ouvindo por dias sem parar. E dias depois ele morreu. Parei de ouvir e hoje esse é o disco deles que eu menos ouço.
 
É que, como diz uma querida amiga, a gente já passou da idade e do peso para ouvir certas músicas, né? rs

Talita, ouvir os mestres de outras décadas é ótimo! O que eu não gosto é desta adoração aos cabras que acabaram de passar desta para outra, saca? "Morreu? Vamos ouvir! Vamos adorar os caras!" Acho babaquice, entende?
Agora, você nasceu no final dos anos 80, beleza. Mas não precisa jogar isso na cara, né? rs
 
quero aquela kombi de sorvete! =)
 
maio
já está no final...
 
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