Wednesday, June 24, 2009

hoje é terça-feira

Tudo bem, já é quarta-feira, mas você sabe que para mim o dia seguinte só começa depois que eu dormir e acordar. E como estou ouvindo semáforo do Vanguart, digo que hoje é terça-feira.

Acabo de voltar do Dona Breja, um bar bacana de Rio Claro, onde estava celebrando o final do semestre com alguns dos meus queridos alunos. E é com este leve grau etílico que trago uma novidade para você que aqui passa: o blog terá uma nova coluna escrita por mim, pelo André Montanhér e por Maurício Vigerelli.

Sem delongas, com a arte de Raquel Humphreys e o texto inaugural de André Montanhér: ALÉM DOS BOTECOS!





Gole inicial

A cultura dos bares nunca foi e nem será aceita nos meios acadêmicos e mesmo pela tradição intelectual. Nem poderia. E nem quer. A cultura de bar sobrevive paralela a isto, unindo setores os mais díspares da sociedade, as mais díspares das classes sociais, opiniões, sexo, raça e religião. Não tem síntese, antítese, tese, é orgástica e anárquica, estabelecendo o debate livre antes de qualquer coisa, destruindo todo e qualquer paradigma.

Perde o foco o sistema, ganha foco o homem. Perde o foco a sexualidade, ganha o foco o sexo. Sexo sujo, política suja, futebol sujo, tudo muito sujo, aos olhos da cultura tradicional. Se sujo é sinônimo de verdadeiro, sem Freud ou Marx para ficar bolando uma metáfora ou sistematização, o bar é o templo sagrado da verdade.

E mesmo anárquica, e até por isto, esta cultura se torna complexa, profunda e intensa. No que tange à estrutura de produção teórica, revolucionária, até. Enquanto Domenico de Masi queimava cópias e deslumbrava estudantes com o seu “Ócio Criativo”, a cultura de boteco já estabelecia o bar como espaço-tempo fundamental do questionamento da angústia capitalista traduzida no trabalho incessante. Uma máquina que gira em benefício de si mesma, que esmaga os colaboradores, e depois morre sem sentido, e que não tem no socialismo uma crítica real, do ponto de vista humanista.

O bar é a pátria dos verdadeiros revolucionários, um espaço-tempo onde a própria ladainha leninista fica suspensa no ar, dando margem a uma invasão anárquica de signos, cores, pessoalidades. O ego perde a majestade, e é preciso muito jogo de cintura, pois após iniciada a cerimônia da embriaguez, os conceitos se tornam fluidos e se atira para todos os lados, vários lados diferentes, independentes e livres. Ao mesmo tempo, sexualidade e futebol ganham o espaço da política e da economia, estabelecendo uma nova estrutura que tem o ser-humano como parâmetro.

Inebriados por este sentimento, três amigos iniciam agora uma Odisséia sagrada. O objetivo é conhecer, desvendar, literalmente beber a realidade dos bares de Limeira. Saber onde realmente se processa este jorro orgástico. Depois traçar em trôpegas linhas os relatos neste blog. Iremos onde nenhum de nós jamais foi, aos mais inacessíveis botecos de periferia, desafiando a fisiologia e até a cultura tradicional, ingerindo salgados e ovos coloridos ao som de músicas das mais RÁPIDAS (Adorno, Frankfurt, e coisa e tal). Torresmos e até sardinhas estão inclusas, não importam QUANTO TEMPO ESTEJAM EXPOSTAS NA VITRINE.

Levaremos nestas viagens fiéis companheiros de jornada, ou mesmo convidados especiais que só nos honrarão com suas presenças. Em cada bar, em cada estabelecimento que propõe a revolução cultural etílica, faremos um relato pormenorizado subdividido em pratos principais, música, ambiente e preço da cerveja. Não daremos nota ou coisa parecida, até por que isto seria demasiado fascista.

Venha conosco nesta emocionante aventura. Grande abraço.


OBS: o “Além dos Botecos” abraça a campanha CAZUZA TAMO JUNTO, do consagrado ator Theo Becker.

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Comments:
Bar Brasil, ex-Saturnino´s Bar, nossa próxima parada.
 
é isso que da deixar um jornalista escrever o texto inicial do blog...isso não te lembra..."verbo de ligação mais predicativo do sujeito"...ou quem sabe, "a dialética do concreto..." mas sem dúvida...depois desse texto, a panceta do piratininga desse redonda...
 
tempos que nao aparecia por aqui. estava em final de periodo TAMBEM e porisso meio ocupada (ou bisada(busy) como dizem por aqui). fiz post la no panela e deixei uma carapuca para voce, vamos ver se serve ;x sahoshoahosa fiquei sabendo que andaram falando de mim ai nas rodas de cerveja! e pois e, estou chegando logo logo. se cuida.
 
This comment has been removed by the author.
 
"O ego perde a majestade, e é preciso muito jogo de cintura, pois após iniciada a cerimônia da embriaguez, os conceitos se tornam fluidos e se atira para todos os lados".
Esta frase marcou a virada do texto e foi a mais direta ao ponto.
Gostei!

Logo participarei da jornada.

Deixo aqui a idéia de avisar ao dono do estabelecimento sobre o propósito da visita (em partes) e pedir para que sirva o "prato da casa" para ser fotografado.
Esta parte, faria com prazer - Diferente de degustar os ovos coloridos, que deixaria para os experts.

Abraços.
 
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