Wednesday, July 08, 2009

eu tive fora uns dias numa onda diferente

Tirei cinco dias de férias, desconectei, joguei o relógio no fundo da mochila e desliguei meu velho celular. Andei tão desligado que pareceu um sonho. E eu acho que foi, mas sonho que se sonha junto é realidade. E nesta mesma realidade estavam mais milhares de leitores e escritores para assistir 34 autores convidados.

Não tenho dúvida que a FLIP é a festa literária mais legal do país. Principalmente porque o centro histórico de Paraty parece ter sido feito para receber estas pessoas no meio do ano, nesta época de um misto de dias mornos e noites frescas. As mesas da FLIP podem ser o chamariz mas é, na verdade, só mais um dos atrativos desta grande festa que tive o prazer de participar pela segunda vez.


Romulo Fróes estava na companhia do batera Curumin e junto com um guitarrista e um baixista fizeram um show de abertura respeitável. Uma pena que o público simplesmente ignorou a presença deles por lá.

Adriana Calcanhotto fez o show que eu sempre quis ver. Você sabe que eu tenho uma tara por todas as cantoras da geração dela, e eu ainda não tinha visto nenhuma apresentação dela assim, ao vivo, de perto, foi lindo.

Paralelamente à FLIP, rola a Flipinha para crianças, FlipZona para adolescentes e Off-Flip para os outsiders. Mentira, isso é só uma classificação boba; é como dizer que história em quadrinhos é para crianças. Não é. O que ficou comprovado este ano com a mesa que contou com a participação de quatro quadrinistas que se destacaram nos últimos anos ganhando espaço na Folha de SP, conquistando o prêmio Eisner e também o Jabuti. Os caras são bons e eu estava mesmo prestando muita atenção no que diziam, como mostra este vídeo. Fora os gêmeos Gabriel Bá e Fábio Moon, Rafael Grampá e Rafael Coutinho (aka filho de Deus), ainda teve o Chico Buarque falando que gostou muito de ler O Cheiro do Ralo do Lourenço Mutarelli.

Assim como quadrinhos não é só para crianças, esta festa literária não é apenas para intelectuais devoradores de livros. Caro amigo que por aqui passa, você sabe que eu não sou um grande leitor e, no entanto, eu adoro a FLIP e tudo o que ela proporciona.

E o que é que tem lá além de livros e debates? Gente! Tem gente de todos os tipos, e o melhor de tudo é que na grande maioria são pessoas com coisa bacana para ser dita. Tudo bem, tem gente chata em todo lugar, mas a probabilidade de você encontrar gente fútil por lá é um pouco menor do que em outros lugares, eu garanto.


Sentei cinco minutos no albergue em que me hospedei para tomar uma lata de cerveja, logo depois da mesa do Chico Buarque com Milton Hatoum, e a Carol falava com a Gabi do quanto gosta do Chico, mas do tanto que deprecia esta histeria toda em volta do mito. Elas também estavam hospedadas lá e a gente só se conhecia de um "bom dia" no café da manhã. E os cinco minutos que eu pensei que ficaria para a cerveja se alongaram e passamos por Bjork, Charlotte Gainsbourg, Lars Von Trier, Julinho da Adelaide, Ricardo Freire, Hilda Hilst como quem dá mais um gole na bebida. O papo acabou em mesa de bar.

E se desta vez o bom prato feito que custava R$5,00 em 2007 estava R$10,00, tivemos que encontrar uma maneira para reverter a situação e então economizamos na bebida. Não bebemos de menos, muito pelo contrário, além de beber Lobo Antunes, tragar Bellatin e Tezza, ouvir Alex Ross, degustar Chico e Hatoum, mastigar Catherine Millet, cheirar Sophie Calle e injetar Gay Talese ainda tomamos garrafa de Itaipava por R$3,00. Como bem definiu Helio de La Peña, a gente se excede nos livros e acorda com a maior ressaca.

O Paulo Corrêa sempre bebe junto e é um grande parceiro de viagem. Pegamos o mesmo ônibus, ficamos no mesmo albergue, mas no geral a gente só se trombou à noite para a cerveja no bar. Conheci pessoas queridas que o Paulo tinha feito contato previamente para encontrar por lá e através dele também conheci a jornalista Isabela Rosemback que estava cobrindo a FLIP para o Vale Paraibano. Mais uma nova amiga de São José dos Campos!

Não éramos os únicos limeirenses por lá: Amanda Abreu e Sandra Alves também foram provar o doce gosto desta festa! Só que a gente só conseguiu conversar mesmo no carro, na viagem de volta. Apesar da tristeza com o final do sonho, foi uma viagem essencial. Seis horas para botar a conversa em dia, se pensar que eu nunca tinha conversado com a Sandra, ainda precisam rolar outras FLIPS para falarmos tudo o que tem para ser dito. A Sandra dormiu com Chico Buarque. Verdade.

Eu preciso de cama agora, os dias estão sendo longos desde que voltei e esta semana começa o Festival de Cinema de Paulínia! Quero voltar a sonhar.

Um beijo.

Comments:
Meu, Flip deve ser um sonho mesmo. Pessoas, livros, contos, cervas, pessoa, escritores, cervas, poesia. Delicia!!!!!!!!!!!! E agora começa Paulinia!!! Vamo q vamo!!!! beijo Shira
Camissssss
 
A Flip deve ser ótima, mas algumas pessoas que eu evito encontrar até por aqui, eu dispensaria totalmente de encontrar em Paraty...
 
Poxa, em dois anos o prato feito inflacionou em 100%. Imagina a hospedagem então (djizuz cryme)... Mas garanto que valeu cada centavo, não? Como você mesmo disse, tinha coisa bem melhor por lá para distrair os sentidos.

Dica: para matar a fome leva Cup Noddles, engana mais que Vono.

Bjs,
Jana
 
E a conversa tava tão boa que eu nem dormi no volante. Ainda bem...
 
Invejay. Queria ter me ido.
 
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