Wednesday, March 03, 2010

crônica de duas versões para uma mesma história

Eram nove horas da manhã de um domingo da primeira quinzena de novembro. Abri os olhos, olhei para o lado; Fabiana estava acordada, me olhando. Perguntei: fez xixi?
Ela respondeu que sim. Às seis e meia. E o que foi que deu?
Nada, ela disse. Não deu nada? Perguntei de volta. Ela fez um muxoxo.
Deu positivo. Ah é!? Deixa eu ver!
Ela me passou o exame de farmácia; explicou que se aparecessem dois risquinhos significava que ela estava grávida. Limpei os olhos e olhei novamente para aqueles dois riscos vermelhos ali naquele palitinho que compramos na farmácia no dia anterior.

Olhei para a minha namorada que parecia pálida, mas estava mais linda do que nunca. Dei-lhe um beijo e tive que deitar novamente porque minha cabeça parecia girar. Nunca senti aquilo antes. Talvez se comparasse com a ressaca mais forte que tive na vida; mas não é a mesma coisa. Existe uma palavra que aprendi estes dias: inexprimível. A palavra é ótima, e explica o que não se pode dizer.

Estávamos na casa da minha mãe, em Serra Negra, era uma manhã agradável, mas o mundo ao meu redor não existia naquele momento, o mundo todo tinha desabado na minha cabeça. Um filho! Meu Deus! Eu vou ser pai, vou ter um filho! Só então entendi que aquela sensação do mundo girar era toda uma responsabilidade que caia sobre mim, naquele momento em que descobrimos, via dois riscos vermelhos em um palitinho de farmácia.

A Fá quis se mostrar mais forte que eu. Falou que assumiria o bebê e que eu poderia seguir com os meus planos de fazer a faculdade, viajar depois, trabalhar com música (continuar minha vida de adolescente, acho que foi isso o que ela quis dizer). Obviamente eu não aceitei sua proposta indecorosa. Escuta aqui, eu te amo e agora estou mais feliz ainda de saber que vamos ter um filho! É tudo o que eu mais quero! Tudo bem, eu também quero fazer a faculdade, viajar e trabalhar com música, mas a partir daquele momento em que vi os dois riscos vermelhos, a minha vida mudou como nunca antes havia acontecido. Eu estava feliz e apavorado.

Discutimos por duas horas antes de sentarmos para o café da manhã. Sim, já era quase a hora do almoço, mas sentamos e conversamos com minha mãe como se não houvesse dois riscos vermelhos em um palito guardado na bolsa da Fabiana. Fizemos um acordo de só contar a novidade depois do Natal.

O dia passou tenso. Voltamos para Limeira, meu irmão no banco de trás do carro conversava e nós nervosos, vez ou outra ela suspirava. As horas passavam pesadamente. O bebê jamais foi indesejado, mas veio inesperadamente e a gravidez e tudo o que ela traz nos deixava assustados. Passamos pela primeira semana muito unidos. Era como se fossemos a Fá, o bebê, eu e do outro lado estivesse todo o resto do mundo. Mas eu precisava compartilhar a novidade.

Algumas semanas depois (não sei precisar quantos dias ou quantas semanas se passaram) resolvemos que precisávamos contar para os nossos pais. E foi aí que eu me senti grávido, quando pude chorar abraçado com nossos pais, após contar que a família estaria maior, em breve.

A outra versão sobre o nosso amado bebê foi escrita pela Fabiana. Leia.

Comments:
É uma responsalidade. É uma nova vida. É uma grande celebração. Parabéns!
 
ah, uns fofos, os dois. que bom que apesar da surpresa o baby foi tão bem acolhido e já é tão amado. e você já colecionando conselhos! bom assim.
 
em resposta ao seu comment:
nossa, não lembro de achar que tinha frango no homous, mas lembro ter ficado fã e sempre pedi-lo com aquele pão chato feito na hora, demais!
hoje em dia sou menos xiita qto ao vegetarianismo tbm, vira e mexe como uma carninha, uma vez por mês ou menos, mas rola.
 
Ai, tou chorando... mamma mia... e pensar que vou pegá-lo no colo, vou fazer pão integral e lazanha de abobrinha... não precisa avisar a Fá que vou dar esse tipo de comida pro meu sobrinho, ok? Fica só entre nós, hahaha!
 
Que lindo texto, as duas versões. Parabéns pelo que vc é,um homem sensível e isso é bonito de se ver. Tou emocionada é muito tocante.
É um milagre né?
um abraço pros tri.
madoka
 
Shira, já plantou uma árvore? Pq o filhote já está a caminho e urgentemente colocar essas palavras lindas no papel. Parabénss! beijo
 
uow!!!! q coisa mais fofa!
 
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