Tuesday, January 11, 2011

um lobo de coração partido

Meu querido amigo Daniel Martins me emocionou mais uma vez com mais um de seus trabalhos como dramaturgo.
No show do Paulinho Moska em Limeira, no final do ano passado, nos encontramos e ele disse: _Tem uma peça nova e você precisa ver. Você vai entender o porquê.
Independente do que eu deveria ver, eu gosto mesmo de acompanhar o que os amigos andam aprontando. E sem querer eu já tinha me tornado fã daquela turma que ele coordena no Núcleo de Vivência Teatral. Então fui com a Fabiana até Iracemápolis para assistir o novo trabalho deles.


Logo que entramos na escola onde realizaram a peça, visualizei vários posters de bandas indies que, vocês sabem, eu me amarro. Tá explicado porque Daniel queria que eu visse a peça, pensei. E enquanto observava ali um cartaz do Wilco, outro do Dylan, rolava uma música que agora não me recordo, mas um som festivo, as pessoas entravam e se ajeitavam nas cadeiras e eu ia vendo ali outros posters colados no fundo do cenário, tinha Feist, Air, Cake, Cat Power, Built to Spill, Beck... tudo muito fino, como estes cartazes costumam ser, mas havia buracos vazios entre alguns deles.

O Lobo entra em cena, mancando, um cara sofrido, ao som de Zélia Duncan cantando "já começo a noite com um jeito assim, anoitece dentro de mim, todo o céu é triste, não vai mudar, será que não existe lugar...". Já dava para sentir o clima. E aí o Lobinho (sim, o Lobo Mau lá é Lobinho) começa narrar a história, se explicando porque estava naquela situação. Foi tudo culpa de um coração partido.

Nesta história não tinha Chapeuzinho visitando a vovó, mas tinham os três porquinhos no meio da história, uma miscelânea das boas. Isso me lembra de um artigo que li recentemente sobre o filme Rede Social. O jornalista diz que David Fincher alterou algumas partes da realidade de Mark Zuckerberg para que o filme ficasse mais interessante. E ele termina dizendo que o que a gente quer mesmo no final do dia é ver uma boa ficção. Se quisermos uma aula de história, devemos consultar os livros ou ir para a escola. E é por aí, Chapeuzinho Vermelho de Daniel Martins é uma adaptação moderna de um clássico infantil, mas sem aquele enredo que você veria nos livros.

A maneira como o Lobo vai narrando as diferenças entre meninos e meninas me fez lembrar do belo 500 Dias Com Ela. As diferenças entre meninos e meninas são bem divertidas, mas lindo mesmo é quando eles percebem que é possível viver com estas diferenças.

Uma festa é organizada pela Chapeuzinho. E a banda do Lobo, ainda sem nome, faz o show.


Nesta apresentação tem um protesto que vale a reflexão. É contra as estrelas do rock que muitas vezes nem sabem onde é que estão tocando e que não dão a mínima para o público que ali está prestigiando o seu trabalho.

Tem muito mais a se dizer sobre esta peça (que a Chapéu é linda e me deixou encantado, que ouvir Belle & Sebastian, Badly Drawn Boy, Pato Fu, Magic Numbers e até Ceumar me deixou com baita saudade de todos os discos que estão na casa do meu velho, que ver estes meninos de Iracemápolis cantando Frank Jorge me fez lembrar de como era gostoso descobrir novos sons quando criança, que o figurino criado pela Rose Sathler casa perfeitamente com os pequenos atores, os badges presos na blusa da Chapeuzinho dão um charme especial e todos os tênis all star também ficaram muito legais, que em certo momento me vi diante de algo tarantinesco), mas o que vou deixar aqui escrito é que você deve ver Chapeuzinho Vermelho quando eles voltarem aos palcos.

Sempre gostei de compartilhar do que gosto, eu acho muito mais prazeroso ouvir um som alto junto com outras pessoas do que ouvir sozinho, e ver os personagens ouvindo todas estas músicas tristes (e de tão tristes, lindíssimas) tem mesmo tudo a ver com a peça, afinal, como bem disse Rob Fleming...

The unhappiest people I know, romantically speaking, are the ones who like pop music the most; and I don't know whether pop music has caused this unhappiness, but I do know that they've been listening to the sad songs longer than they've been living the unhappy lives.

Naqueles buracos vazios que eu falei no começo do post, os pequenos atores desenharam corações e escreveram nomes como do Daniel e da Rose e o meu e o da Fá. E isso também deve ter sido um dos motivos que meu amigo dramaturgo disse que eu deveria ver a peça. Love is the answer.


Comments:
Lindo!
 
pô, que legal. peça bacana com trilha sonora excelente. =)
 
Seu blog ganhou um prêmio, Shiraga!
veja lá:http://www.luiscapucho.blogspot.com/
 
Acredita que só agora vi esse post? Fiquei tanto tempo ser aparecer aqui que tem muita coisa nova pra ler! ahaha

Obrigadão, Shira! Vou divulgar o link pra todo mundo. E espero te ver lá novamente (voltaremos à ativa em breve!) abração!
 
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