Sunday, February 07, 2010

mind the gap

Em Paulínia eu soube que Henrique Goldman dirigiria um filme sobre a vida de Jean Charles de Menezes. Logo de cara eu não gostei da ideia de expor o estilo de vida dos brasileiros que moram em Londres. Não gosto de estereótipos e não costumo me encaixar neles. Quando falam de dekasseguis na TV ou no jornal, eu presto atenção porque eu também fui um deles e tenho amigos por lá. O mesmo acontece quando falam sobre brasileiros na Inglaterra. Mas a vida de cada um de nós é tão singular que não dá para comparar e traçar um padrão a partir de umas entrevistas, dá? Já encontrei com pessoas que falam que sabem o que eu passei no Japão ou na Inglaterra porque já viram na TV algo sobre a vida de imigrantes ou algo do gênero. Desculpa, mas você não sabe.

"Delicious Brazilian food!"

A princípio temi que descaracterizassem as boas coisas que vivi por lá. Antes de ver o filme, pensei que minha vida em Londres tinha sido muito diferente da vida do mineiro Jean Charles, mas depois o que eu notei foi que era puro preconceito de minha parte. Sim, vivemos estilos diferentes de vida naquela cidade louca, mas os sonhos não eram tão diferentes. No fundo, a gente só queria mesmo era ser feliz.

Vale o documentário e fica a torcida para que justiça seja feita. A história contada mostra que ele estava longe de ser um cara perfeito ou certo o tempo todo, mas foi assassinado injustamente. Achei uma boa Henrique Goldman ter feito esta escolha para o filme. E é interessante pensar que o diretor do filme tem uma coluna na TRIP chamada mundo livre.

E como o mundo é um ovo...


Já viu o filme? Sabe o engenheiro de som do show do Magal?


O engenheiro de som que foi salvo por Jean Charles?

É o Maha! O dono do Barraco Café. Ele é daqui de Piracicaba.

Lembra desta história aqui?


Viu só o Selton Mello segurando a placa do Barraco Café ali acima?
A vida dá voltas. E o cinema é uma ótima brincadeira de gente grande.

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Saturday, February 03, 2007

london again

O final do conto sobre Stone Roses do Randall foi dedicado à minha pessoa! Ele postou uma foto que eu tirei do figura Ian Brown, junto com o autógrafo que está no meu Second Coming. Veja só.

Quando revi a foto que enviei para o Randall, milhões de lembranças ficaram em minha mente. Mas vamos falar do dia do lançamento do Solarized, disco solo do vocalista do Stone Roses: ele tocaria naquela noite na HMV da Oxford Street; para conseguir o ingresso, bastava comprar o disco e você ganhava dois braceletes para o show.
Antes de ir para a loja que trabalhava, peguei o ônibus e fui até o centro. Peguei o disco e levei até o balcão, apareceu o preço ali no caixa, umas treze libras, que era o preço médio de um lançamento nestas lojas. Tirei vinte libras da carteira e quando entreguei o dinheiro pedi os braceletes. Eram nove e dez da manhã, eles tinham uns duzentos braceletes se não me engano, não imaginava que poderiam vender 200 discos em questão de minutos. E o caixa: "desculpa, mas acabou logo cedo". Nove e dez da manhã não é cedo!? Pedi um reembolso, disse que não queria mais o CD. (risos) O cara não reclamou e nem fez careta alguma. Peguei a grana de volta e pensei que se fosse comprar o disco, compraria ali na Berwick Street por um preço melhor.
Fui trabalhar e fiquei pensando que eu poderia encontrar alguém que me vendesse a entrada por umas libras.
À noite peguei o velho ônibus vermelho e parei ali já perto da HMV. Tinha um cara estranho perto da fila oferecendo entradas, eu disse que queria, ele perguntou quanto é que eu poderia pagar, e eu bati no bolso e disse que tinha umas moedas ali, e sem esperar por uma negociação ele mandou eu tomar no cu. Olhava para pessoas que pareciam estar sozinhas e chegava perguntando se teriam uma entrada para vender. Ninguém. Tava chegando a hora do show, a esperança de ver o monkey man estava sumindo, já pensava que iria parar no pub onde trabalhava para tomar umas Guinness de graça. Eis que, quando a fila chegava no final, vi um cara quase jogando um bracelete fora, corri, peguei a entrada e agradeci o cara. O amigo dele não apareceu, ele precisava entrar, ficou prá mim. Juro que até procurei pelo cara dentro da loja para deixar a grana de de uma pint para ele, mas não encontrei.
Anunciam a entrada de Ian Brown, ele toca duas músicas do disco novo, que achei beeem legais e ele fica aplaudindo e dando uns pulinhos loucos. Pede aplausos para o amigo Noel Gallagher! Não acreditei, todo mundo gritou e aplaudiu e o figura riu e disse que só no show que rolaria no Brixton Academy, se não me engano. Tocou mais algumas até dar meia hora de apresentação. Tava bom demais, fala aí. Um pocket-show ali para poucos, próximo do cara, com direito à autógrafo no encarte que tinha levado. Maravilha. E a foto ficou legal também, não ficou?
O plano de tomar uma Guinness de graça ainda estava de pé, e foi o que aconteceu. Cheguei no pub ainda usando o bracelete e empolgado contei do show para os amigos bêbados que lá se encontravam. Depois de ter tomado umas e falar um pouco mais alto com quase todo o pub resolvi voltar para casa pois era um dia normal de trabalho e no dia seguinte deveria ter outros eventos rolando naquela cidade.
E no dia seguinte, enquanto trabalhava no pub, apareceu um cara que nunca vi antes dizendo: "Você viu o Ian Brown, então!?" E eu sem entender perguntei se ele também estava lá na HMV, e ele disse que não, mas que iria no show. Como é que ele soube? Ele ouviu minha história no dia anterior, e ficamos trocando uma idéias. O cara escrevia uns reviews de teatro para uns jornais. Virou cliente e amigo por umas semanas, a correria daquela cidade não me permitiu manter mais contato.
E isso foi só um pocket show em um dia normal de trabalho.
Londres é foda!

Randall, você ia curtir MUITO aquela cidade.

Veja este clipe de London London. Canção interpretada por Cibelle, que mora em Londres e o fã de Caetano, Devendra.

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